Karsten tenta aumentar prazo de pagamento da dívida

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A Karsten está reestruturando sua dívida e pretende encerrar este ano com um novo perfil de endividamento. Depois de fechar 2011 com um prejuízo de R$ 69,4 milhões e com a maior parte do seu passivo concentrado no curto prazo, a empresa têxtil, sediada em Blumenau (SC), espera ganhar fôlego alongando o endividamento.

A intenção é finalizar 2012 com 65% do endividamento no longo prazo e cerca de 35% no curto prazo, o que inverteria o quadro do balanço no encerramento de 2011. No ano passado, a dívida total cresceu 20,1% e totalizou R$ 231,8 milhões. Deste valor, R$ 156,7 milhões concentravam-se no curto prazo (67,6%) e R$ 75 milhões (32,4%), no longo prazo.

A busca de um novo perfil de endividamento ocorre em um momento crítico. A empresa registrou em 2011 um Ebitda (lucro operacional antes das despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização) negativo em R$ 31,3 milhões. No ano anterior, ele havia sido positivo e atingia R$ 39,7 milhões. Seu patrimônio líquido caiu 64% e fechou em R$ 38,8 milhões em dezembro de 2011.

O prazo mais longo para pagamentos se dá, principalmente, a partir de uma operação de debêntures de cinco anos, cuja colocação, com garantia firme dos bancos, foi finalizada em janeiro deste ano, no valor de R$ 158,5 milhões. Além das debêntures, renegociações vêm sendo feitas com bancos privados para renovação de linhas a prazos mais longos, segundo Alvin Neto, presidente da Karsten.

O crescimento da dívida se deu em função da necessidade de capital de giro da companhia. No ano passado, ela sofreu com o aumento dos preços do algodão e, nos últimos dois anos, precisou realizar financiamentos bancários porque decidiu saldar em 2009 operações com derivativos, que haviam sido realizadas em 2008. A empresa deixou de operar com esses instrumentos financeiros em 2009.

O ápice do preço do algodão veio em março do ano passado, quando o insumo subiu para um patamar de R$ 4 por libra/peso, triplicando o seu valor. Como comparação, em 2010, no mesmo período, a média de preço era de R$ 1,40 por libra/peso. "Foi uma coisa absurda, que nunca existiu em 140 anos de bolsa do algodão", salientou Neto.

A Karsten comprou grande quantidade do insumo na alta. Quando os preços do algodão recuaram, ela tinha estoques com o preço antigo, portanto, mais caros. "Tivemos impacto no resultado também porque foi repassada somente uma parte do que era necessário para o preço porque o mercado (clientes do varejo) não tinha condições de receber todo o aumento (do algodão)", diz Neto.

Para 2012, o cenário, na opinião da empresa, deve mudar por conta da estabilidade que já se observa nos preços do algodão e de outras iniciativas de melhorias operacionais. "Nossos estoques estão regularizados, a um nível de custo de mercado", destaca Neto.

A Karsten prevê um crescimento de 5% da receita líquida, que em 2011 alcançou R$ 354,6 milhões.

Além da mudança no perfil de endividamento, a melhora do desempenho em 2012, segundo Neto, virá de redução de custos também operacionais - em 2011, por exemplo, a empresa descontinuou uma operação fabril em São Paulo (essa operação refere-se à empresa Romaria, dona da Trussardi, adquirida pela Karsten em 2010) e a concentrou na sua planta em Maracanaú (CE) - e também do resultado das operações no varejo. A Karsten programa novas lojas da marca Trussardi e tem planos de comercializar franquias entre o fim de 2012 e início de 2013.



Veículo: Valor Econômico


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