Endividada, Davene busca se recuperar

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Um grupo formado por três fabricantes de produtos de higiene, limpeza e beleza, entre eles os cosméticos Davene e as ceras para piso Brilho Fácil, está em processo de recuperação judicial e tem até 24 de abril para apresentar um plano de reestruturação. O grupo, que produz cerca de cem produtos, faturou em torno de R$ 230 milhões em 2011.

As dívidas sujeitas ao processo de recuperação judicial somam R$ 45,7 milhões. Entre os credores estão os bancos Bradesco, Santander e Daycoval. Há outros passivos, como dívidas fiscais, que não estão inclusos nesse valor.

O grupo de três empresas coligadas tem sede em Diadema (SP), onde produz cosméticos, que representam 30% de seu faturamento (no quadro ao lado, veja o perfil do grupo). Outra planta em Paulínia (SP) fabrica produtos de higiene e limpeza, responsáveis por 70% da receita. Os imóveis não pertencem ao grupo.

A empresa, com 586 funcionários, vai demitir colaboradores e cortar despesas operacionais e administrativas para diminuir o endividamento. Uma empresa em recuperação judicial normalmente precisa demitir metade de seu quadro, segundo o advogado Nelson Garey, nomeado administrador do grupo. Outra medida será reforçar a área comercial para aumentar as vendas. O plano de reestruturação está sendo elaborado pela consultoria AALC, com sede em Chapecó (SC).

Em nota enviada ao Valor, o grupo, controlado pelo empresário Mauro Morizono, afirma que a operação vem enfrentando dificuldades desde a crise financeira de 2008 "e que agora se agravam em virtude do negativo panorama econômico que se apresenta, provocando agravamento no seu fluxo de caixa". A direção da empresa não concedeu entrevista ao Valor.

Para o advogado Nelson Garey, a empresa vai sair bem do processo. "Eu acho que essa é uma empresa que vai se reerguer", afirma.

A Davene viveu seus tempos áureos nos anos 80. Primeiro produto da marca, lançado em 1978, o Leite de Aveia Davene já teve Tônia Carrero, Hebe e Xuxa como garotas-propaganda. Na mesma época, a Davene lançou produtos com nomes de novelas da Rede Globo. Nos anos 80 e 90, a empresa colocou diversos lançamentos no mercado.

A marca também já teve linhas de produtos infantis com as marcas licenciadas Snoopy, Turma da Mônica e Sandy & Júnior. Em 2004, a empresa deixou de licenciar a marca Snoopy, no mercado desde 1989, alegando que o custo era caro demais.

Segundo fontes do mercado, a empresa já enfrentava complicações financeiras há oito anos. Uma fonte consultada pela reportagem disse que a marca Davene permanece forte no mercado e tem um público fiel, mas a empresa não teria conseguido modernizá-la e conquistar novos consumidores.

Uma visita ao site da Davene pode dar a impressão de que ela parou no tempo. A última informação disponível na linha cronológica da marca é relativa ao ano 2000.



Veículo: Valor Econômico


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