A escalada da cotação do petróleo no mundo pode provocar alta nos preços de combustível no Brasil, disse ontem a presidente da Petrobras, Graça Foster, em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Caso o preço do barril de petróleo chegue ao patamar de US$ 130 este ano, como indica algumas previsões, a Petrobras terá de repassar essa alta para a gasolina, afirmou a executiva.
"Esse valor tão alto é muito ruim para o desenvolvimento das economias. Porque é inexorável, é impossível (...) que a gente não repasse para o preço futuros patamares, caso esse Brent cresça nas proporções que são apresentadas por alguns especialistas", avaliou.
Segundo Foster, a Petrobras trabalha com o barril a US$ 119. O preço médio do barril em 2011 foi de US$ 111. Em 2010, foi de US$ 80.
A Petrobras, que fornece cerca de 98% da gasolina consumida no Brasil, até o momento não repassou a alta do petróleo no combustível.
De acordo com Foster, o não repasse para o preço não tem minimizado a capacidade de investimento da Petrobras. "A conjuntura de preços internacionais não tem afetado a capacidade de investimento da Petrobras", garantiu.
Foster defendeu o incremento da produção de etanol no país como uma solução para os altos preços e necessidade de importação de gasolina. "Etanol tem que chegar firme, tem que voltar a ser tudo o que ele foi, porque se tem uma coisa que a gente sabe fazer é etanol", ressaltou.
A presidente falou que o momento de "plenitude" do etanol deve ser 2014, e defendeu que o índice de álcool na gasolina, que hoje é de 20%, volte a 25%. A Petrobras Biocombustíveis terá papel no aumento da produção, afirmou.
Argentina - Foster afirmou que prevê uma disputa bastante "caliente" com a província de Neuquén, na Argentina. O governo local cancelou unilateralmente uma concessão da estatal brasileira para explorar campos onde existe reserva de gás em terra no início deste mês.
"De fato, a Petrobras perdeu uma concessão, mesmo tendo cumprido o programa exploratório mínimo previsto previsto. Mas estamos buscando nossos direitos junto à província", disse a presidente da Petrobras.
Segundo ela, é dever da Petrobras se posicionar em momento adequado, enquanto companhia de capital aberto, assim como ocorreu anteriormente quando o governo boliviano também questionou operações da estatal naquele país.
Mesmo com esta disputa, ela considerou "legítimo" o governo argentino ter procurado, na semana passada, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, propondo o aumento dos investimentos brasileiros no país vizinho.
Sobre o aumento no preço da gasolina, Graças avalia que ela terá de acontecer após a disparada do petróleo tipo brent na Bolsa de Londres, que foi um dos motivos para a queda do lucro líqüido da empresa no último trimestre de 2011. O governo federal entende que o preço do petróleo ainda não chegou a um patamar definido, livre de impactos de curto prazo, que justifiquem o aumento.
Foster afirmou que os investimentos da Petrobras na Argentina devem ser feitos conforme o que está planejado no mais recente plano de negócios. "A Argentina interessa à Petrobras, mas não há indícios hoje de elevarmos os investimentos na Argentina", afirmou. (FP/AG)
Veículo: Diário do Comércio - MG