Depois de enfrentar sérios problemas no ano passado, com a queda de encomendas, o setor de eletroeletrônicos continua patinando e não se mostra muito otimista neste exercício. Exemplo disso são os níveis de emprego registrados no acumulado do primeiro bimestre no segmento em todo o país. Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), entre janeiro e fevereiro de 2012 foram criados 440 postos de trabalho, número 84% menor que o índice registrado no mesmo período de 2011 e 92% em igual época de 2010.
Para o presidente da entidade nacional, Humberto Barbato, os números refletem a atual situação do setor eletroeletrônico brasileiro. Segundo ele, a queda acentuada na geração de emprego é conseqüência direta da estagnação da produção industrial no início deste exercício.
"Apesar de o faturamento estar aparecendo, isso não quer dizer que o segmento vai bem, pois inclui as importações. Quando contabilizamos os postos de trabalho criados é que vemos a real situação. E, neste caso, apesar de os níveis de emprego não terem sido negativos, os mesmos ficaram muito aquém dos patamares dos anos anteriores", avalia.
E como forma de reverter a situação, o governo federal já começou a adotar uma série de medidas de incentivo à indústria brasileira. Conforme Barbato, algumas das ações foram reivindicadas pelo setor eletroeletrônico alguns dias antes do anúncio da segunda etapa do programa Brasil Maior.
"A proposta de um programa de incentivo às compras de produtos eletrônicos fabricados no Brasil, por parte das companhias energéticas nacionais, foi, de certa forma, atendida por meio das medidas anunciadas pelo governo federal. Assim, podemos dizer que a situação está um pouco melhor e estamos aguardando os efeitos dessas ações", explica.
Expectativas - Diante disso, conforme o presidente da Abinee, as expectativas em relação ao desempenho do setor ao longo de 2012 estão menos pessimistas. De acordo com ele, apesar de até agora os resultados terem sido insatisfatórios, as perspectivas são de recuperação a partir do segundo semestre.
"Até mesmo em função das medidas anunciadas, deverá haver alguma recuperação na segunda metade do ano. Ainda assim, não acredito em aumento da produtividade industrial. Neste caso, devemos ficar nos mesmos patamares registrados no ano passado. Já o faturamento deverá crescer entre 6% e 8% frente a 2011, quando foram atingidos US$ 134 bilhões", afirma.
No caso de Minas Gerais, a situação não é muito diferente. Conforme o diretor regional da Abinee, Ailton Ricaldoni Lobo, os resultados dos primeiros meses deste ano foram praticamente iguais aos observados em igual época do ano passado. Já a partir dos meses seguintes, segundo ele, foi possível perceber o início de uma leve recuperação.
"O cenário começou a melhorar tanto no mercado corporativo quanto no varejo, e a tendência é de continuidade, já que as medidas anunciadas pelo governo deverão começar a fazer efeito daqui para frente", diz.
Dessa maneira, a expectativa é de que o setor em Minas Gerais cresça cerca de 10% em relação a 2011, puxado, principalmente, pelos contratos com o segmento corporativo, como energia, telecomunicações e mineração.
Humberto Barbato e Ailton Ricaldoni Lobo participaram ontem do Projeto SME 12:30, evento realizado pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). Na ocasião, Barbato falou sobre a "Desindustrialização, hipervalorização da taxa de câmbio, e estagnação da indústria de transformação".
Veículo: Diário do Comércio - MG