Os investimentos em tecnologia e na ampliação da qualidade da produção de frutas em Minas Gerais já estão proporcionando resultados positivos para o segmento. No próximo mês serão iniciadas as exportações de manga para a Europa, por via marítima. As expectativas com o início das negociações internacionais são promissoras e o mercado é considerado fundamental para o controle da oferta, principalmente no período de safra, e para a sustentação dos preços, na média anual, em patamares suficientes para gerar lucro aos fruticultores. O primeiro embarque será de 22 toneladas da fruta.
De acordo com o presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge de Souza, o primeiro lote de mangas sairá de Minas Gerais no próximo dia 6, com previsão de chegada a Lisboa em 22 de maio. A opção pelo transporte marítimo se deve ao custo menor, com uma economia prevista de 25% a 35% sobre o valor do frete aéreo, e pelo transporte ser menos poluente, o que é muito valorizado no mercado internacional.
"Estamos otimistas com a nova oportunidade. Minas Gerais já exportou manga, porém o sistema não era tão coordenado e integrado como o projeto que estamos desenvolvendo. Adaptamos nossos processos de produção para que a manga tenha ótima qualidade final e atenda os gostos mais aprimorados", disse Souza.
Ainda segundo o presidente da Abanorte, o primeiro embarque será acompanhado por representantes da associação que irão monitorar todo o processo. "A primeira carga será amplamente monitorada ao longo de todo o percurso. O objetivo é avaliar as condições que a manga chegará à Europa e avaliar a tecnologia aplicada. Estaremos presente quando o contêiner for aberto e iremos analisar a carga junto com os técnicos europeus", disse Souza.
Palmer - A princípio serão embarcadas mangas do tipo palmer produzidas na região do Jaíba, no Norte do Estado. Esta qualidade ainda não é conhecida no mercado europeu. A palmer é considerada uma manga nobre, de grande porte já que cada unidade pesa, em média, de 300 a 400 gramas. Uma das principais vantagens da espécie é o pouco volume de fibras, o que deverá agradar aos europeus.
A manga que será exportada em maio foi produzida por 13 fruticultores, que tem capacidade suficiente para iniciar abastecimento do mercado europeu. A colheita do produto será nos dias 3 e 4 de maio. Depois de embaladas e acondicionadas em câmaras frigoríficas, as frutas seguirão até o porto de Pecém, no Ceará. No dia 10, o navio começa a viagem rumo a Portugal.
A ideia é aumentar a produção de acordo com a evolução da demanda. A produção total de manga, no Norte de Minas, é de 50 mil toneladas por ano em uma área plantada de 2,5 mil hectares.
De acordo com Souza, antes de iniciar os embarques, os envolvidos no processo, como a Abanorte e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), fizeram um amplo levantamento para identificar a demanda dos europeus e as características mais exigidas em relação à fruta. A participação em feiras internacionais e a certificação dos processos foram fundamentais para que o produto mineiro pudesse ser exportado para a Europa.
Em 2010, os produtores da região conquistaram o certificado Global Gap (Good Agricultural Practices). A certificação é uma licença obrigatória para o ingresso direto em novos mercados internacionais, sobretudo o da União Europeia (UE). O Global Gap é o principal certificado internacional para o setor de alimentos, que, além do gerir o sistema de gestão de qualidade, assegura a produção de alimentos sustentáveis e seguros para os consumidores.
"Nos últimos anos desenvolvemos e aplicamos tratamento diferenciado na cultura para que a manga chegue ao mercado no ponto exato para ser consumida. Além da garantia de qualidade e sabor, também investimos em manejos correto, visando a sustentabilidade. O resultado esperado é a conquista do mercado Europeu e o aumento dos embarques ao longo dos próximos anos", disse Souza.
Veículo: Diário do Comércio - MG