Brasil e Argentina deverão ter redução próxima de 20% na produção de uvas neste ano. As vinícolas perdem em volume, mas ganham em qualidade, segundo enólogos dos dois países.
"Até o momento, é uma safra importante não só pela matéria-prima mas porque vai dar um vinho diferenciado", disse ontem Flávio Zílio, enólogo da vinícola Aurora, na Expovinis, realizada em São Paulo.
Além da qualidade da uva neste ano, o uso de novas tecnologias na produção melhora o vinho, segundo ele.
Lucindo Copat, enólogo da Salton, diz que "esta safra vai ser um marco. O inverno rígido e, depois, a forte estiagem no início do ano deram à uva uma qualidade excepcional".
Adriano Miolo, da vinícola Miolo, também destaca o potencial desta safra, mas ainda não dá para dizer se vai ser melhor do que a de 2005, devido ao período úmido do final de fevereiro.
Na Argentina, Luis Reginato, diretor de vinhos da vinícola Catena, e Diego Levada, enólogo da Trapiche, também destacam o clima ruim para a produção, mas bom para a qualidade do vinho.
A qualidade passa, porém, por desafios. Miolo diz que o Brasil tem de avançar em tecnologia e em vinhedos e aproveitar as variedades que podem vir das novas regiões.
Zílio afirma que o país necessita definir as variedades e manter as gôndolas abastecidas, já que o clima incerto dificulta a produção.
Os argentinos não estão livres de desafios, segundo Guilherme Yaciofano, engenheiro-agrônomo da Trapiche. "Temos de melhorar a eficiência na produção e buscar qualidade." Além disso, avançar nos contatos com os produtores para gerar mais fidelidade e estabilidade para os dois lados.
Segundo Yaciofano, uma das saídas para o setor é a busca de redução de custos, que pode vir com maior mecanização na colheita -processo que o Brasil deve começar a adotar nas regiões que permitem a utilização de máquinas, diz Miolo.
Veículo: Folha de S.Paulo