Mercado de luxo avança além do eixo Rio-São Paulo

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As marcas de luxo estão descobrindo novos consumidores para seus produtos no Brasil, fora do eixo Rio-São Paulo. É gente com renda entre R$ 4,5 mil e R$ 10 mil, que está em capitais como Brasília, Belo Horizonte, Recife e Curitiba, e não quer sair de sua cidade para ter acesso a produtos de primeira linha. Curitiba se prepara para ter a primeira loja da joalheria Tiffany & Co. da região Sul, que ficará no shopping Pátio Batel.

De acordo com a pesquisa da consultoria MCF, a cidade de Belo Horizonte é uma das cidades que despontam na rota de investimento das marcas de luxo, embora Brasília lidere o ranking das preferências. Em seguida, surgem cidades como Salvador e Recife, além de Curitiba e Porto Alegre.

Em Belo Horizonte, lojas multimarcas já oferecem peças Dolce & Gabanna e Cavalli. "Há muita demanda fora do eixo Rio-São Paulo e as capitais com potencial já estão no radar das marcas de luxo. Nos últimos três anos, esse movimento de expansão tem se acentuado", diz Guilherme Guilherme Kosmann, da consultoria MCF, especializada em luxo.

Uma pesquisa da MCF mostrou que o mercado de luxo no Brasil movimentou no ano passado cerca de R$ 18,8 bilhões. Para este ano, espera-se um crescimento de 20% neste valor. O tíquete médio gasto por um consumidor de produtos de primeira linha fica próximo de R$ 5 mil. Embora esteja restrito a apenas 2,5% da população - algo como 4,8 milhões de pessoas - o mercado de luxo quer se democratizar no país.

O crescimento econômico do país e a ascensão de uma nova classe média explicam a busca de novos consumidores com mais poder de compra pelos quatro cantos do país. Em algumas regiões, houve um boom econômico, atraindo profissionais mais bem remunerados e fazendo surgir novos milionários. De acordo com a revista americana "Forbes", o Brasil ganha cerca de 19 milionários, todos os dias, desde 2007.

Concentração - Em Curitiba, a segunda capital com maior concentração de domícilios classe A do Brasil, será inaugurado em março de 2013 o shopping Pátio Batel, no bairro do Batel. Nessa região, estão nada menos que 73% dos consumidores classe A da capital paranaense. O investimento do grupo paranaense Soifer no novo mall chega a R$ 280 milhões.

Com a crise na Europa, o Brasil acaba sendo um dos destinos para essas marcas internacionais expandirem seus negócios e fugirem da recessão na zona do euro. Para a consultoria MCF, o cenário econômico brasileiro está entre os mais promissores do mundo.

"E o que vemos no Brasil não existe em outros mercados emergentes, como o chinês, indiano ou russo. Hoje é difícil reconhecer na China Rússia ou Índia marcas locais de luxo. No Brasil, já existem marcas locais que possuem serviços no nível das marcas internacionais de luxo", afirma Carlos Ferreirinha, presidente da MCF.

A busca por produtos considerados de luxo não fica só na seara das roupas e acessórios. "Esse mesmo consumidor procura por viagens, cosméticos, novos restaurantes e spas", diz Guilherme Kosmann, da MCF.

A multinacional Diageo, responsável por marcas como o whisky Johnnie Walker Blue Label, também notou uma tendência de consumo de bebidas premium fora do tradicional eixo Rio-São Paulo. Há quem desembolse um pouco mais pelas garrafas de destilados em estados como Belém e Manaus. No ano passado, as dez garrafas de uma edição especial do Blue Label, que custavam R$ 12 mil cada, curiosamente foram vendidas antes mesmo de chegarem ao Brasil. Somente duas foram vendidas para São Paulo e Rio de Janeiro. As demais se espalharam em Curitiba, Vitória, Belo Horizonte e Ipatinga (Vale do Aço), Brasília, João Pessoa e Natal, segundo Tânia Cesar, diretora de Marketing da Diageo.

Como um mercado de luxo brasileiro tão aquecido, a companhia criou uma unidade para gerenciar essa divisão. O Brasil já é o segundo no ranking mundial das vodcas premium da empresa. O faturamento da Diageo no Brasil cresceu 26% em 2011 versus 4% nos Estados Unidos. (AG)


Classe AA em expansão é o foco das grifes


Lojistas e empresas voltadas para o estrato mais rico da população (classe AA) podem fazer bons negócios neste ano, com a previsão de crescimento do número de milionários no país. Segundo a consultoria Knight Frank e Citi Private Bank, nos próximos quatro anos projeta-se um aumento de 59% no total de famílias com renda igual ou superior a R$ 1 milhão/ano no Brasil. São pessoas com altíssimo poder aquisitivo que ainda não encontram no Brasil marcas e grifes disponíveis apenas nos Estados Unidos e na Europa.

Joias, roupas de grife, perfumes, vinhos e outros produtos sofisticados que ainda não são vendidos no país têm mercado garantido, segundo Dalton Vesti, coordenador de graduação da Trevisan Escola de Negócios. "Esta gama de produtos e grifes internacionais que sequer chegou ao Brasil será o alvo principal dos negócios no segmento e beneficiará os clientes em seus desejos por essas marcas e produtos", garante.

O mercado do segmento mais rico da população do Brasil, que movimentou US$ 10 bilhões em 2011, pode crescer até 30% em 2012. No ano passado, a expansão foi de 33% em relação ao mesmo período de 2010, afirma o professor. Trata-se de um mercado muito atrativo e em plena expansão. A disputa por ele, dado o volume financeiro envolvido, ainda não está muito grande e demonstra alta disponibilidade e espaço para novos empreendimentos.  um nicho muito grande, porém com poucos players ainda.

O que se verifica é que existe uma demanda represada neste segmento, constituído por pessoas com grande potencial de compra, mas que trazem de fora boa parte do consumo de produtos mais caros e sofisticados, inacessível para a maioria da população. "Essas pessoas não viajam para comprar, elas trazem de fora o que não encontram aqui", explica. Por isso, o empreendedor que já trabalha com esse público pode pesquisar e oferecer a eles produtos que poderão ajudar, em muito, a alavancar as vendas.

Esse mercado tende a ser maior e a concorrência tende a se acirrar, alerta Vesti. O atendimento especializado neste público-alvo tende a demonstrar um crescimento ainda forte e cada vez mais especializado.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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