Ainda sob efeito da desaceleração das vendas, a fabricante e varejista de roupas Hering precisou aumentar o volume de promoções no primeiro trimestre. Isso ofuscou o efeito positivo da menor pressão de custos com algodão na margem bruta da companhia no período, que ficou estável em cerca de 46,5%.
Segundo diretor financeiro e de relações como investidores, Frederico Oldani, as lojas próprias apostaram mais alto do que as franquias na retomada das vendas do primeiro trimestre, que não veio. "As próprias foram mais agressivas e por isso, foi nelas que o nível de liquidações foi mais elevado, impactando a margem", explica Oldani.
Um melhor desempenho do canal multimarcas puxou a alta de 17,6%, para R$ 326,64 milhões, na receita da companhia. O lucro cresceu 37,6%, para R$ 70,2 milhões, nos três primeiros meses do ano. "O desaquecimento do mercado tinha surtido um efeito antecipado neste canal [multimarcas] ao final de 2011", afirma o executivo. Com isso, a fatia do canal multimarcas no faturamento da empresa avançou de 50% para 53% no primeiro trimestre.
Já nas lojas da rede Hering Store, o faturamento ficou abaixo do esperado pela companhia. "Houve mais cautela na hora das compras pelos franqueados", afirma Oldani.
Conforme já tinha sido divulgado na prévia de resultados, as vendas no conceito mesmas lojas da rede Hering avançaram apenas 4%, abaixo do crescimento do quarto trimestre (8,2%).
Sem enxergar grandes melhoras no cenário macroeconômico no segundo trimestre, Oldani diz que a Hering, assim como outras varejistas do setor de vestuário, estão dependendo da chegada do frio para impulsionar as vendas nos próximos meses, quando haverá eventos como Dia das Mães e Dia dos Namorados. "Já está todo mundo com coleção de outono inverno nas lojas. O bom frio agora seria mais do que bem-vindo", comenta o executivo.
Antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda), o lucro da Hering foi de R$ 90 milhões, em alta de 27,5% em relação ao primeiro trimestre de 2010. A margem Ebitda, na mesma comparação, subiu de 21,1% para 27,5%, beneficiada pela facilidade de controle das despesas operacionais, tradicional característica do modelo de negócio da Hering.
As vendas da Hering Kids, uma das apostas da companhia para este ano, apresentaram o maior crescimento entre as marcas no primeiro trimestre (32,9%). Os planos da Hering são abrir 20 lojas no formato individual da Hering Kids. A maior parte da inaugurações, ressalta a empresa, devem ocorrer na segunda metade do ano. (MF)
Veículo: Valor Econômico