Brasil Foods começa a se desfazer de fábricas em menos de dois meses

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Em menos de dois meses, a Brasil Foods começa a se desfazer das fábricas que irão para a Marfrig, de acordo com a determinação do Cade. Antes de divulgar seus resultados (que serão anunciados hoje), o presidente da BRF, José Antonio Fay, falou à coluna como está, na prática, o processo de fusão.

Fábricas

Em junho, nós entregamos três fábricas: a de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a de Lages, em Santa Cataria, e a operação de suínos de Carambeí, no Paraná. Em julho, estão previstas outras, como São Gonçalo (BA) e Três Passos (RS). Vamos entregar dez fábricas, sete marcas. São sete mil pessoas que estão envolvidas nessa operação.

Julgamento

O acordo ainda está em julgamento. O Cade não se pronunciou [a respeito da proposta]. Em maio, o órgão vai se posicionar. Fizemos um contrato com o que nos propusemos e eles ainda avaliam. Já começamos a passar informações para que a Marfrig possa assumir. Se o Cade disser que não, perdemos tempo e a Marfrig, dinheiro. Mas o Cade não dirá que não.

Sadia

Vamos cumprir [a determinação do Cade], virar a página em 2012 e incorporar a Sadia definitivamente. A Sadia hoje é uma S.A. fechada, uma subsidiária integral da BRF. Mas ainda tem CNPJ. Em dezembro deste ano, ela desaparece como empresa e fica a marca. Vamos simplificar bem a operação. São duas culturas que, no fim, eram mais parecidas por serem íntimas inimigas. A gente brigava no mercado o dia todo e achava que poderia continuar assim. Mas, quando fomos mexer, vimos que eram parecidas.

Economia

Interessante que a primeira economia [gerada pela fusão] vem do custo. Onde tinham quatro pessoas, agora preciso de duas. Mas aqui foi interessante porque a maior sinergia veio das melhores práticas e menos das demissões. Quase não demitimos, não temos número relevante. A Sadia já estava sem financeiro antes. Ela tinha feito uma redução porque estava com problema de caixa. Outros [funcionários] saíram espontaneamente. Na alta gestão, ela veio com menos gente e isso nos ajudou.

Argentina

Estou muito entusiasmado com a Argentina como produtora de alimentos, não só de grãos. O custo lá [pra produzir soja e milho] é cerca de 30% abaixo do brasileiro. O solo é excepcional. Hoje, porém, o país não é muito amigável para negócios. Mas isso não tira sua importância. A Argentina é uma nova fronteira não explorada e que está aqui do lado. Na planta de Rio Quarto, perto de Córdoba, que produz frango, vamos fazer crescer, processar matéria-prima produzida lá.

Plantas no exterior

Nossa estratégia está nos países em desenvolvimento. Não estamos focando Europa e EUA. Achamos que temos mais sinergia e crescimento mais rápido nesses mercados.

PRODUÇÃO a DISTÂNCIA

A Brasil Foods vai fazer uma fábrica nos Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio. Vai ser em Abu Dhabi, a cerca de 30 minutos de Dubai.

Como outras empresas estrangeiras na região, a BRF terá um sócio local, Al Novais, da Federal Foods, distribuidor da empresa brasileira há 15 anos.

O investimento previsto é de US$ 125 milhões, em uma área de 165 mil metros quadrados. "Tem de ter um sócio local", diz José Antonio Fay, presidente da Brasil Foods.

A matéria-prima será brasileira, completada com locais, como temperos locais.

"O curry daqui não é igual ao de lá", diz o argentino Patrício Röhner, diretor-geral da operação na região.

"Mesmo quando levamos o curry daqui para lá, não ficou igual ao tempero daqui."

Fica pronta em abril do ano que vem. Ao todo terão sido 18 meses.

"Estamos já com esse projeto há seis meses, com quase todas as licenças e permissões. Aqui só começa a construir quando tem todos os documentos", diz o brasileiro Bartholomeu Stein, diretor de projetos, há dois anos em Dubai.

"É a primeira fábrica que fazemos do zero fora do Brasil, porque as outras nós compramos. Levamos engenheiros, entre outros profissionais", diz Fay.

No exterior são três plantas na Argentina, uma na Holanda, uma na Inglaterra e na China.


Veículo: Folha de S.Paulo


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