Grupos miram mercado nos EUA e no México; adaptação de cardápio e escolha de sócio são cruciais para sucesso
Redes brasileiras aproveitam queda no preço dos aluguéis e aceleram planos de internacionalização
Nos próximos três anos, a rede de churrascarias Fogo de Chão pretende abrir de 10 a 12 unidades nos Estados Unidos, em cidades como Boston e Nova York.
No Brasil, os planos são mais modestos: a previsão é inaugurar apenas três lojas nesse período.
A opção pelo mercado americano reflete uma estratégia particular do grupo, que busca cidades com mais de 2,5 milhões de pessoas para instalar suas churrascarias.
Mas não só. A exemplo da Fogo de Chão, grupos como Giraffas e Trigo, dono do Spoleto, estão acelerando seus planos de internacionalização, numa demonstração de apetite das redes por consumidores de outros países.
A queda nos preços do aluguel dos imóveis comerciais após a crise e a expectativa de vender para uma população com maior poder aquisitivo explicam a estratégia.
Fundada em 1979 por dois irmãos gaúchos -e vendida integralmente em 2011 para o fundo de investimentos GP-, a Fogo de Chão já tem 18 unidades nos Estados Unidos, ante sete no Brasil.
"Identificamos 52 cidades com potencial para receber um de nossos restaurantes; somente três no Brasil", diz o paranaense Jandir Dalberto, um ex-passador de carne que hoje é presidente da rede.
Com 360 lojas no Brasil, a Giraffas abriu sua primeira loja internacional em Miami, na região nobre de Bal Harbour, em julho de 2011. Até o fim de 2013, serão 11 lojas.
INVESTIMENTO
O perfil das lojas teve de ser modificado para atender o consumidor americano.
Além de mais espaçosas, as lojas têm um modelo misto de atendimento, com pedidos no caixa, mas também garçons que servem à mesa. O cardápio também sofreu alterações -há ingredientes mais nobres em saladas e em massas, segundo a empresa.
O investimento em uma loja da rede nos Estados Unidos também é maior: de US$ 650 mil (R$ 1,24 milhão), ante US$ 355 mil (R$ 675 mil) em uma franquia no Brasil.
Segundo o presidente da subsidiária americana, João Barbosa, com um tíquete médio de US$ 12 a US$ 16 (de R$ 23 a R$ 30), a companhia não compete com redes como McDonald's e Burger King.
A fim de abrir as primeiras 11 unidades, a companhia levantou R$ 35,5 milhões com investidores brasileiros, alguns deles donos de lojas da rede no Brasil.
Para especialistas, a expansão internacional deve vir acompanhada de planejamento e estudo dos hábitos locais. "A escolha dos parceiros, sejam fornecedores, seja o próprio franqueado, é outro ponto crítico", diz Adir Ribeiro, da consultoria Praxis.
A rede Habib's, uma das maiores do país, teve de desistir de seus planos no México, após problemas com franqueados. Em 2006, a empresa fechou sua última loja no país -chegou a ter oito unidades mexicanas.
Veículo: Folha de S. Paulo