Há 21 anos no grupo americano de beleza Estée Lauder, os últimos seis como presidente, John Demsey não pisava no Brasil há uma década. Da última vez que esteve no país, foi para lançar uma das maiores marcas de maquiagem do mundo, a MAC, que chegou ao mercado brasileiro por meio de distribuidora. Em janeiro, a empresa com sede em Nova York assumiu toda a distribuição da marca no país e transferiu a sede da MAC na América Latina, da Cidade do México para São Paulo. Hoje a marca tem 27 lojas próprias no Brasil, e o plano é dobrar esse número em três anos.
A MAC é a marca da Estée Lauder mais estabelecida no Brasil, onde as vendas avançaram 32% em 2011 em relação ao ano anterior - mais que o dobro da média global. Para este ano, Demsey espera novamente um crescimento de "dois dígitos fortes". Apesar de a Clinique, de cosméticos, estar no mercado nacional há mais tempo, a MAC é a primeira marca do grupo a ter operação própria no país. "A maior prioridade para a MAC mundialmente é o Brasil, e o país também é uma das prioridades da Estée Lauder", diz Demsey.
A expansão orgânica da MAC vai priorizar uma presença mais forte nas capitais e a entrada em cidades secundárias. Hoje a empresa tem lojas em Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Rio, Salvador, São Paulo e Vitória. Mas a relação do brasileiro com a marca foi construída lá fora. "O sucesso da MAC antes de entrar no Brasil começou com as brasileiras que viajam a Nova York, Toronto, Miami, Londres e Paris", diz Demsey. Segundo ele, cinco das dez maiores lojas da MAC no mundo têm nas brasileiras suas maiores consumidoras.
A Estée Lauder está avaliando a entrada no país de todo o portfólio da empresa, formado por 28 marcas. Além do crescimento expressivo do mercado brasileiro de beleza, o terceiro do mundo, um outro evento que anima a empresa é a chegada da rede de perfumaria francesa Sephora ao Brasil. Como não há no país lojas de departamento tradicionais, como Macy's e Galeries Lafayette, a entrada de uma das maiores redes de perfumaria do mundo representa uma grande oportunidade para marcas internacionais que miram o Brasil.
A varejista será a porta de entrada, em 2013, para a marca de maquiagem Smashbox, adquirida em 2010 pela Estée Lauder. "Estamos procurando trazer também a Tom Ford e, num horizonte muito curto, também teremos Estée Lauder, Crème de la Mer e Bobbi Brown entrando no mercado", diz Demsey. O mercado pode ser ainda muito restrito para algumas marcas. Um batom da Tom Ford, por exemplo, custa US$ 48 em Nova York.
Aquisições no país também podem fazer parte da estratégia da Estée Lauder, empresa fundada em 1946 e que hoje fatura US$ 8,8 bilhões nos 150 países em que está presente. "Estamos olhando para tudo o que há aqui, desde marcas locais até fornecedores", diz Demsey. Segundo ele, não há conversas ativas agora, mas já existiram negociações e devem voltar a ocorrer.
A Sephora, pertencente ao grupo de luxo Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), abrirá sua primeira loja no shopping JK Iguatemi, em São Paulo - a inauguração do centro comercial está atrasadaatualmente (ver nota sobre JK na página B1). A previsão é ter mais dois outros pontos na cidade e dois no Rio em 2012. A rede chegou ao Brasil com a compra da perfumaria on-line brasileira Sack's, em julho de 2010.
O Brasil registrou o maior crescimento percentual em dólar entre os dez maiores mercados de beleza do mundo em 2011. O setor movimentou US$ 43 bilhões, uma alta de 19%, após um aumento de 30% em 2010, segundo a Euromonitor. Tanto a produção nacional quanto as importações crescem.
Veículo: Valor Econômico