A Marisa deve registrar mais um trimestre difícil, com lento crescimento das vendas e margens sob pressão, segundo analistas ouvidos pelo Valor.
A Raymond James, especializada em análises de empresas, calcula que a varejista deve divulgar, nesta quinta-feira, expansão de vendas no critério mesmas lojas (abertas há pelo menos um ano) de 2,9%. A Fator Corretora estima crescimento de apenas 1%. O indicador, se confirmado, é pior do que o já informado pelas concorrentes Hering (4%) e Renner (4,8%) nos três primeiros meses do ano.
O processo de canibalização de lojas recém-inauguradas (que tirariam consumidores de lojas mais velhas) prejudicou o desempenho da companhia no quarto trimestre de 2011 e ainda deve surtir efeito negativo. Relatório da Raymond prevê retração da margem bruta de 50,4% para 47,1%, em função dos maiores níveis de promoção neste início de ano. O lucro líquido, pelos cálculos da Raymond, deve cair 31,7%, para R$ 24,6 milhões. A receita deve atingir R$ 552,5 milhões, em alta de 11,8%.
O analista Guilherme Assis, da Raymond, se diz otimista com o plano de recuperação de eficiência da Marisa. Esta tem implementado medidas para aumentar sua produtividade por metro quadrado. Mas os resultados só devem aparecer no segundo semestre.
Os analistas Renato Prado e Ronaldo Kasinsky, da Fator, calculam queda de 3,2 pontos percentuais, para 16,9%, da margem Ebitda, principalmente devido à perda de margem bruta. Eles projetam alta de 15,6%, para R$ 433 milhões na receita líquida e retração de 40,5% no lucro líquido, para R$ 21,4 milhões.
Do setor de varejo de vestuário, Hering e Renner já divulgaram resultados, que vieram em linha com as expectativas. Houve, nos dois casos, permanência da desaceleração das vendas e pressão das margens devido ao ambiente promocional. Em particular na Renner, a margem Ebitda recuou em função também das despesas com aberturas e reformas de lojas e integração com a rede Camicado.
Renner e Hering, no entanto, sinalizaram que estão confiantes com o cenário para a segunda metade do ano. O gerente de renda variável da Mercatto, José Luiz Garcia, acredita que o mercado continua vendo o setor de consumo "como uma opção defensiva neste segundo trimestre, mesmo depois dos resultados mais fracos no primeiro".
Na sexta-feira, dia seguinte à divulgação de resultados da Renner, as ações da empresa subiram 3,43%. As da Hering fecharam em alta de 3%.
Veículo: Valor Econômico