Ivan Zurita deve permanecer na Nestlé pelo menos até o fim do ano. Na sexta-feira, a companhia confirmou que o executivo, de 59 anos, deixará o comando da multinacional no Brasil a partir de 1º de julho e informou que ele passará a presidente do conselho consultivo - um cargo que não existia até então. Em seu lugar, assumirá Juan Carlos Marroquín Cuesta, atual presidente da Nestlé no México. Caberá a Marroquín Cuesta a tarefa de transformar a filial em uma empresa de quase R$ 35 bilhões de faturamento em 2015, de acordo com as metas fixadas para os cinco anos a partir de 2010. No ano passado, as vendas foram de R$ 20,5 bilhões.
Marroquín Cuesta, que entrou na Nestlé em 1985, também foi presidente da empresa na Venezuela (assumiu em 2001) e da região definida pela companhia como bolivariana (em 2004). Em 2007 ele passou a comandar a operação mexicana.
Segundo uma fonte próxima à companhia, Zurita ficará "pelo menos até o fim do ano" no novo posto, criado para esse momento de transição em razão do "profundo conhecimento do mercado brasileiro" do executivo. Depois disso ainda não há definição se ele continua no conselho ou se aposenta, desligando-se efetivamente da empresa.
Premiado como Executivo de Valor de 2011, Zurita concedeu uma longa entrevista a este jornal em abril do ano passado. Questionado sobre sucessão e aposentadoria, explicou que a multinacional não determina idade máxima para desligamento de seus executivos, mas que já tinha tempo de casa suficiente para se aposentar, embora não estivesse "ligando para essas coisas".
"Sessenta e cinco anos seria meu limite pela legislação Suíça", afirmou o executivo, para completar depois: "Mas a gente tem de ter consciência do momento de dar passagem. Isso é humano, é natural e nem sempre é percebido". Na ocasião, ele comentou ainda que tem atividades fora da Nestlé, como a sua empresa agrícola [ele é dono da Agrozurita], para se dedicar quando o momento chegar. "Não vou parar de trabalhar, vou mudar de função", disse, na época.
Ontem, domingo, a companhia divulgou um comunicado nos jornais "Folha de S. Paulo" e "O Estado de S.Paulo" para refutar especulações de que a saída de Zurita da presidência da Nestlé no Brasil tenha sido decidida pela matriz em resposta ao desempenho da operação brasileira em 2011, que apresentou crescimento menor que a média dos emergentes (8% ante 13,3%, segundo o balanço mundial divulgado em fevereiro). Segundo o comunicado, "a mudança faz parte do plano de sucessão da empresa a partir da decisão do próprio executivo". A nota informou ainda que "o grupo está plenamente satisfeito com o desempenho obtido na última década, durante a gestão de Ivan Zurita".
Zurita entrou na Nestlé em 1973, como estagiário, e trabalhou 17 anos no exterior, onde presidiu oito filiais: México, Panamá, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Honduras e Tailândia. Está à frente da operação brasileira há 11 anos. De 2001 a 2010, ele quadruplicou as vendas da unidade, transformando-a em segunda maior do grupo em volume de vendas e terceira em faturamento, atrás apenas da França e dos Estados Unidos.
Veículo: Valor Econômico