Brasil pode financiar venda de produtos para Argenti

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O Brasil estuda medidas para recuperar as vendas de produtos brasileiros para a Argentina. Uma alternativa seria o País financiar as compras via crédito de exportação, adiantou o secretário-executivo e ministro-interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Alessandro Teixeira, que participou ontem do lançamento do 40º Prêmio ADVB de Exportação em Porto Alegre. Teixeira negou, no entanto, que seriam destinados US$ 5,5 bilhões pelo governo federal para estimular as vendas à Argentina. O valor, cogitado pela imprensa, é muito próximo ao superávit total das vendas externas brasileiras para a Argentina em 2011, que fechou o ano em US$ 5,8 bilhões.

Segundo Teixeira, a medida é uma alternativa para frear o declínio das relações comerciais entre os países, que já atingiu 27% apenas no primeiro trimestre deste ano. “É uma hipótese. Se a questão do crédito for um elemento que restrinja as compras, tentaremos resolver. O que sabemos é que as compras argentinas com a China diminuíram no período, mas não na mesma proporção da redução brasileira e sabemos que os chineses têm oferecido crédito para a compra dos produtos. Por isso, vamos trabalhar com as mesmas armas”, antecipa.

Um encontro bilateral para debater as restrições impostas pelo país vizinho está marcado para ocorrer em 15 dias e o assunto será um dos tópicos abordados na tentativa de resguardar a indústria nacional, principalmente em setores como calçadista e têxtil, que já sofrem as consequências dos embargos aos produtos nacionais. “Isso dependerá de conversas, pois poderemos criar mecanismos que auxiliem aquele país nas compras dos produtos brasileiros. No entanto, isso não significa que ocorrerá e tampouco que a Argentina está disposta a agir nesta linha”, destaca.

Para Teixeira, os problemas com a Argentina são um reflexo da falta de avanços institucionais registrados no Mercosul. “Cometemos um erro que foi o de permitir que a integração econômica aumentasse, sem que fosse acompanhada pela questão institucional”, revela. O ministro interino avalia que não há solução de curto prazo para o bloco e que a tendência é a de manutenção das tensões comerciais. Segundo Teixeira, o objetivo não é utilizar a força econômica brasileira para retaliar de “forma agressiva” o país vizinho. “Sempre que tivermos setores prejudicados, tomaremos mediadas para viabilizar acordos que amenizem os impactos negativos. Entretanto, o bloco não foi projetado institucionalmente para que a economia brasileira responda por mais de 45% do PIB da América Latina como ocorre atualmente”, diz.

O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, também presente ao evento, diz que a solução seria o aprofundamento das relações no bloco. “O Mercosul é um conjunto de regras que, muitas vezes, emperra mais a integração do que colabora com questões econômicas. Precisamos aprofundar o Mercosul, pois o Brasil é muito mais forte ao lado da América Latina do que sozinho. Por isso, precisamos entender o nosso papel de liderança na América do Sul. Do contrário, ainda teremos problemas muito maiores”, analisa.

Já para o presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), Erik Camarano, uma das principais preocupações é a falta de credibilidade do governo argentino, puxada pela desapropriação de multinacionais, como no caso da YPF e, sobretudo, na maquiagem de indicadores oficiais de inflação. “Não significa que estamos pagando a conta do Mercosul sozinhos, mas, no que se refere à Argentina, a preocupação é com os caminhos nebulosos adotados pelo governo. Organismos internacionais já não aceitam as sondagens oficiais, o que é muito grave. Precisamos cuidar desta relação comercial, mesmo em meio a um cenário de incertezas”, defende.

Hoje o secretário de Comércio Interior argentino, Guillermo Moreno, liderará um grupo de 600 empresários de seu país que participará de uma rodada de negócios na sede da Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp). Moreno, o mesmo funcionário acusado de ser o mentor da estratégia de comércio exterior adotada pelo governo Kirchner que tem como pilares fundamentais as restrições às importações e proteção da indústria nacional, deverá encontrar-se com os empresários brasileiros que, em sua grande maioria, questionam e são vítimas da política comercial da Casa Rosada.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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