Para acompanhar a velocidade com que cresce a demanda por equipamentos e serviços de saúde no Brasil, a Philips está retomando a estratégia de ganhar mercado via aquisições. Os próximos dois anos serão voltados para a expansão do setor no país, com planos que devem incluir também crescimento orgânico, com o aumento das exportações e a ampliação da capacidade produtiva da subsidiária. Apoiada no avanço da classe média nos mercados emergentes - que cada vez mais busca bom atendimento em saúde -, a multi holandesa aposta nesse negócio, de onde, hoje, já tira a maior parte de seus resultados globalmente.
"Nos próximos dois anos teremos novas aquisições no Brasil. Precisamos ser rápidos, para aproveitar as oportunidades", afirmou ao Valor, o vice-presidente da área de Saúde da Philips na América Latina, Vitor Rocha.
Segundo o executivo, as novas compras devem servir para complementar o portfólio de produtos e serviços da empresa no país. O foco serão companhias de pequeno e médio porte, que reforcem a atuação da multinacional em segmentos de alto crescimento. Rocha enxerga oportunidades no segmento de equipamentos de imagem e na área de saúde domiciliar, na qual os equipamentos ajudam nos tratamentos na casa do paciente. Essa área cresce cerca de 30% ao ano no Brasil.
A estratégia de crescimento via aquisições já tinha sido adotada pela multinacional no Brasil. Entre 2007 e 2010, foram investidos € 350 milhões em compras e na melhoria da infraestrutura das empresas adquiridas.
A VMI-Sistemas Médicos (VMI), do segmento de diagnóstico por imagem, foi a primeira a entrar no pacote da holandesa. Depois, em 2008, a Philips comprou a Dixtal Biomédica e Tecnologia, fabricante de equipamentos hospitalares para monitoramento de pacientes, anestesia, ventilação e eletrocardiograma. Já as últimas aquisições se voltaram para a área de tecnologia: a companhia comprou a Wheb Sistemas e a Tecso Informática, fornecedoras de sistemas de gestão clínica. Segundo Rocha, os anos de 2011 e 2012 estão servindo para a integração dessas operações e, no ano que vem, a empresa planeja voltar às compras.
A estratégia segue um plano global da multi para a área de saúde, que hoje representa 40% do faturamento total da companhia. Foram € 9 bilhões gerados pelo setor em 2011, dentro dos € 22 bilhões em vendas mundialmente. As outras áreas - de iluminação e eletroeletrônicos - representam cada uma 30% dos resultados. As mesmas proporções valem para o mercado brasileiro.
Os movimentos de aquisições, no entanto, só têm representado a urgência de crescimento nos países emergentes. Além do Brasil, apenas na Rússia e na China essa estratégia está sendo utilizada, mas em menor escala.
"Saúde é o que está puxando o crescimento da empresa, tanto em volume, quanto em lucratividade, em todo o mundo", explica o executivo, destacando o potencial do Brasil, onde 25% da população já é atendida pelo sistema privado de saúde. Aqui, a holandesa tem duas fábricas de equipamentos: uma em Lagoa Santa (MG), para o segmento de imagem, e outra em Manaus (AM), onde produz equipamentos de monitoramento e anestesia. A capacidade anual da empresa é de 1500 unidades.
Essa capacidade, no entanto, deve crescer 20% nos próximos anos, impulsionada pelo aumento das exportações da subsidiária para a América Latina. A meta de Rocha é fazer com que 35% do volume de vendas sejam feitas para fora, sendo que hoje essa proporção não passa de 5%. Por aqui, devem ser introduzidas as linhas de produção de novos equipamentos. "A empresa se volta para os emergentes e, no país, esperamos crescer 30% neste ano", diz Rocha. Em 2011, o volume de vendas da área de saúde no Brasil cresceu 25%. A Philips globalmente apresentou prejuízo de € 1,29 bilhão no ano passado.
Veículo: Valor Econômico