Hasbro se associa a Hollywood para revitalizar jogos tradicionais

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Muitas das crianças de hoje preferem decompor e analisar frutas voadoras num iPhone a sentar em volta de um tabuleiro e competir para comprar um terreno numa avenida movimentada. Brian Goldner, principal executivo da Hasbro, está apostando que consegue revitalizar jogos tradicionais associando-se a Hollywood. O filme "Battleship - Batalha dos Mares", da Universal Pictures, livremente baseado no jogo batalha naval, existente há 69 anos, vai aportar nos cinemas americanos no dia 18. O filme, protagonizado por Liam Neeson e pela cantora de música popular Rihanna, é uma história de amor (não entre os dois) que se desenrola com o pano de fundo de uma invasão alienígena por mar. Apesar de o roteiro não conquistar muitos elogios, "Battleship" vendeu mais de US$ 200 milhões em ingressos na Europa e na Ásia, onde estreou no mês passado. Conforme o previsto em seu contrato com a Universal, a Hasbro, a segunda maior fabricante mundial de brinquedos, obterá cerca de 5% das vendas de ingressos do "Battleship" quando o estúdio recuperar os custos de produção.

Mas a verdadeira interrogação para a Hasbro, segundo o analista Rob Carroll, do UBS, é se o sucesso na bilheteria vai transformar o "Battleship" numa franquia, com uma série de produtos que inclui videogames, confecções e bonequinhos de brinquedo. Goldner está contando com isso, e está se empenhando em trazer outros jogos para a tela grande, como "Candy Land" (ou "Dora na Terra dos Doces"), com Adam Sandler, e "Monopoly", dirigido por Ridley Scott.

A Hasbro está reformulando radicalmente sua divisão de jogos ao focar em uns poucos títulos, considerados os de maior potencial, e formar franquias de entretenimento em torno deles. As vendas da divisão, que gerou 27% da receita anual da empresa, de US$ 4,3 bilhões em 2011, caíram 9% no trimestre mais recente.

Goldner, que trabalhou na fabricante de brinquedos Bandai America antes de ingressar na Hasbro, em 2000, testemunhou em primeira mão como uma série de TV e longas-metragens transformaram a série infantil de TV "Power Rangers" num fenômeno mundial. Ele usou um projeto semelhante para reconduzir a Hasbro à lucratividade depois que a empresa entrou em depressão, muito tempo atrás. Dependente, na época, do licenciamento de marcas de outros, como "Guerra nas Estrelas", a Hasbro estava perdendo dinheiro e não tinha os recursos necessários para inovar.

Depois de trabalhar dois anos na Hasbro, Goldner apregoou um filme "Transformers" de ação ao vivo para as produtoras. "As pessoas ficavam me dizendo que não ia dar certo", lembra ele. A trilogia gerou uma receita bruta mundial de mais de US$ 3 bilhões e uma receita de US$ 1,6 bilhão de comercialização de produtos para a empresa. No ano passado, as vendas do "Transformers" alcançaram US$ 483 milhões - quase 16 vezes o faturamento de 2005.

Um dos motivos pelos quais a divisão de jogos enfrentou dificuldades é o fato de a Hasbro ter sido lenta em digitalizar muitos de seus títulos clássicos, diz Sean McGowan, analista da gestora de investimentos Needham. Isso criou uma janela para que novatas como a Zynga, cuja avaliação na bolsa é atualmente US$ 1 bilhão mais alta do que a da Hasbro, operante há 89 anos. Ao cobrar apenas alguns dólares por jogos para celular de sucesso como o Words With Friends, baseado no jogo Palavras Cruzadas, a Zynga e outros desenvolvedores de aplicativos acostumaram os consumidores a pagar valores irrisórios pelos jogos. "Concorrer com isso é difícil", diz McGowan.

Para ajudar a promover o novo filme, a Hasbro transformou o Battleship num jogo gratuito do Facebook. As versões digitais de "Monopoly", Palavras Cruzadas e outros jogos de propriedade exclusiva da empresa podem ser adquiridas também por meio da App Store da Apple, graças a um acordo mantido pela Hasbro com a fabricante de videogames Electronic Arts, enquanto uma nova versão de outro clássico, O Jogo da Vida, representa uma certa solução de compromisso: os jogadores empregam um iPad para girar a roleta, receber pagamento e processar outros jogadores, mas ainda movimentam seus carros num tabuleiro de jogo físico.

Goldner passou a trabalhar outros jogos. Filmes baseados no do Risk, do tabuleiro do Jogo do Copo (Ouija) e no Clue (que foi transformado em filme pela primeira vez em 1985, quando pertencia à Parker Brothers) também estão sendo desenvolvidos. "Não sei se 'Hungry Hungry Hippos' será um filme", diz Goldner sobre o jogo em que hipopótamos de plástico devoram bolinhas. Nesse caso, novamente, "ouvi uma boa tentativa de promoção do 'Hungry Hungry Hippos'", diz ele.



Veículo: Valor Econômico


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