Consumo humano exigiria "duas Terras", diz WWF

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Os humanos vêm usando os recursos com tal apetite que precisariam de outro mundo para atender a demanda por terras para colheitas, florestas e criação de animais, segundo a WWF International.

As pessoas precisaram de 18,2 bilhões de hectares (45 bilhões de acres) de terras em 2008, sendo que havia disponível 12 bilhões de hectares, de acordo com o relatório bienal Planeta Vivo, da WWF, divulgado ontem. Cerca de 55% das terras necessárias referem-se a florestas para a absorção de emissões de dióxido de carbono. A Terra leva um ano e meio para regenerar os recursos naturais usados anualmente pelos habitantes, segundo a WWF.

"Estamos vivendo como se tivéssemos outro planeta extra a nossa disposição", disse o diretor-geral da WWF International, Jim Leape, no relatório. "Estamos usando 50% a mais de recursos do que a Terra pode fornecer e, a menos que mudemos de rumo, esse número vai crescer muito rapidamente. Em 2030, mesmo dois planetas não serão suficientes."

A publicação do informe bienal, que convoca a humanidade a reduzir o desperdício e a usar os alimentos, fontes de energia e água de formas mais sustentáveis, chega antes da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) marcada para junho no Rio de Janeiro, a Rio+20, onde líderes de todo o mundo vão debater como os governos podem erradicar a pobreza e ao mesmo tempo deixar de degradar o ambiente.

Cada pessoa, em média, precisou de 2,7 dos chamados "hectares globais", que são hectares biologicamente produtivos, para produzir os recursos que consumiram em 2008, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, divulgados no relatório. Em comparação, a chamada "biocapacidade" da Terra é de 1,8 hectare por pessoa, aponta o documento. A ONU divulgou que a população humana passou dos 7 bilhões em outubro.

As variações nacionais estiveram na faixa entre quase 12 hectares por pessoa no Qatar, que vai ser sede da rodada de discussões da ONU sobre o clima neste ano, e menos de 1 hectare nos territórios palestinos. O Kuait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca e EUA seguiram o Qatar como os maiores usuários per capita de recursos.

"Da mesma forma que se saca excessivamente de uma conta bancária, em algum momento, os recursos vão se esgotar", escreveram os autores do estudo. "Pelos atuais ritmos de consumo, alguns ecossistemas vão entrar em colapso mesmo antes de os recursos terem sumido completamente."

Nem todos os países com as maiores "pegadas ecológicas" são desenvolvidos ou ricos em petróleo. A Mongólia ficou em 15º na classificação de maiores usuários per capita entre mais de 140 países, porque usa grandes áreas de pastagens para cria gado. O Uruguai está em 20º pelo mesmo motivo.

O estudo também revelou que 28% da biodiversidade da Terra foi perdida entre 1970 e 2008. O cálculo, que leva em conta a abundância de 2.688 espécies de animais em diferentes partes do mundo, mostrou que a biodiversidade nos trópicos caiu 61% e nas regiões temperadas aumentou 31%.

O relatório foi preparado pela WWF International em conjunto com a Global Footprint Network e a Sociedade de Zoologia de Londres (ZSL, na sigla em inglês). A WWF, com sede em Gland, na Suíça, é conhecida como World Wildlife Fund nos EUA.


Veículo: Valor Econômico


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