Mesmo com o recuo na cotação da saca, a cultura ainda é altamente lucrativa.
O início da colheita da segunda safra de feijão está impactando de forma negativa na formação de preços em Minas Gerais. De acordo com o levantamento feito pela consultoria Safras & Mercado, durante a primeira quinzena de maio foi registrada queda de 13,95% nos preços da saca de 60 quilos do grão. Mesmo com a queda, os preços continuam lucrativos para os produtores.
Segundo o analista da Safras & Mercado, Renan Magro Gomes, devido aos preços elevados do feijão, a demanda na primeira quinzena de maio ficou abaixo da oferta, o que provocou a queda nos preços.
Em Minas Gerais, os valores recuaram de R$ 215, por saca de 60 quilos, registrados no início de maio, para R$ 185. A tendência é de manutenção dos valores nos patamares atuais com possibilidade de uma pequena alta.
Mesmo com o recuo nos preços pagos pela saca, a cultura é altamente lucrativa para os produtores. O preço mínimo estipulado pelo governo, R$ 80, é suficiente para cobrir os custos e gerar renda. Os preços atuais, R$ 185, superam em 131,25%, o valor mínimo.
"Apesar da queda, os produtores continuam lucrando com a atividade. Além disso, devido aos preços altos recebidos ao longo da primeira safra os envolvidos na atividade estão capitalizados e em condições de segurar a produção à espera da retomada dos preços", disse.
Segundo a Safras & Mercado, assim como observado em Minas Gerais, o mercado de feijão no Brasil segue a tendência de ajuste nos preços, que vinham muito altos desde meados de março.
O valor de R$ 260, atingido pela saca de 60 quilos do produto no atacado paulista, principal balizador para o mercado de feijão no país, retornou às cotações de janeiro quando a saca do tipo extra ainda era negociada a R$ 180 em média.
Mercado - "Entre março e abril, o mercado sentiu a escassez do grão e os preços tiveram uma forte alta, porém agora com a entrada mais firme da segunda safra e a falta de demanda do varejo, os preços seguem se ajustando. Diante dos preços ainda valorizados, os principais compradores do produto, do setor varejista, estão adquirindo em pequenas quantidades apenas para atender as necessidades diárias. Assim, grandes compras não estão ocorrendo atualmente", avalia.
Em Minas Gerais, os preços elevados pagos pelo feijão, desde o início da colheita da primeira safra 2012, são justificados pela redução da oferta do produto no Estado e, também, pela quebra da safra do grão na região Sul do país, maior produtora do grão. Houve seca prolongada, entre janeiro e março, que comprometeu boa parte da produção e fez com que a demanda superasse a oferta.
No Estado, a redução do primeiro período produtivo foi estimulada pelos prejuízos acumulados na safra 2010/11, quando os preços ficaram abaixo do custo devido à oferta superior à demanda. Este fator fez com que os produtores optassem por migrar para a produção de milho, que estava com os preços mais vantajosos. O resultado foi uma queda de 3,4% na produção da primeira safra mineira.
Com o incremento nos preços do feijão e a queda na cotação do milho, os produtores retomaram os investimentos para a segunda safra. Segundo os dados do oitavo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de feijão na segunda safra mineira será de 208,1 mil toneladas, variação positiva de 17,6% frente às 177 mil toneladas geradas em igual safra anterior. A produtividade ficará 6% superior, com rendimento de 1,3 tonelada por hectare.
"Mesmo com o aumento da produção, a tendência é de manutenção dos preços lucrativos. Isso pela oferta ainda ajustada à demanda", disse o analista de Safras.
Veículo: Diário do Comércio - MG