Alta dos preços é considerada atípica, já que a colheita já foi iniciada em Minas.
Os preços da soja em Minas Gerais já aumentaram 14% desde o início da colheita até hoje. A alta é considerada atípica, uma vez que era esperado aumento da oferta com a intensificação da colheita e, conseqüentemente, queda nos preços. Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), os valores pagos pela saca de 60 quilos, que no início de abril estavam em torno de R$ 50, começaram a terceira semana de maio cotados a R$ 57.
A tendência, segundo o coordenador técnico estadual de Cultura da Emater-MG, José Wilson Rosa, é de manutenção dos preços nos patamares atuais com possibilidades de novas altas. A redução da oferta mundial do grão e a demanda crescente são os principais fatores que estão alavancando os preços da oleaginosa.
"Os fatores climáticos impactaram no rendimento da soja o que reduziu, significativamente, a produção em países exportadores, como a Argentina, que registrou perdas próximas a 17%. No Brasil, a seca observada no Sul do país também comprometeu a oferta, contribuindo para a valorização internacional do produto", disse.
Em Minas Gerais os preços pagos pela soja nas principais regiões produtoras estão variando entre R$ 54 e R$ 57 por saca de 60 quilos. No início de abril, o mesmo volume estava cotado entre R$ 50 e R$ 52, nas regiões do Alto Paranaíba, Noroeste e Triângulo Mineiro.
"A valorização da soja não era esperada, principalmente por estarmos em plena colheita. Os valores praticados no mercado atual são suficientes para cobrir os custos de produção e gerar lucro significativo para os produtores. Como colhemos apenas uma safra do produto, a tendência é de manutenção dos preços firmes nas próximas semanas", avalia.
Conab - De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da soja no país já está próxima do final. Segundo o oitavo levantamento da safra de grãos, no Brasil, a cultura apresentou queda de 8,7 milhões de toneladas, passando de 75,32 milhões de toneladas colhidas na safra 2010/11 para 66,68 milhões de toneladas na safra atual, queda de 11,5%. As condições climáticas adversas, causadas pelo fenômeno La Ni¤a, foram os responsáveis pelo resultado negativo.
Em Minas Gerais, a produção de soja ficará 2,9% superior à registrada na safra passada. A colheita do produto também está em fase final. A expectativa é de uma produção de 2,998 milhões de toneladas, frente às 2,913 milhões de toneladas geradas anteriormente. A área de plantio ficou 1,8% maior, com 1,005 milhão de hectares. A redução do espaço foi compensada pelo ganho em produtividade, que ficou 4,8% superior nesta safra, com 2,9 toneladas colhidas por hectare.
Segundo os dados divulgados pela consultoria Safras & Mercado, os produtores brasileiros de soja negociaram 75% da safra 2011/12, até 27 de abril. Em igual período do ano passado, a comercialização comprometia 62% e a média para o período é de 58%. No levantamento de março, o número era de 52%. Levando-se em conta uma safra estimada em 66,68 milhões de toneladas, o volume de soja já comercializado chega a 50 milhões de toneladas.
Em Minas, o volume comercializado até 27 de abril alcançou 2,340 mil toneladas, o que representa 74% do volume a ser produzido na safra atual que, segundo a consultoria, será de 3,162 mil toneladas. Em igual período da safra passada as negociações envolviam 60% da safra. A média mineira para o período é de 64% de comprometimento da safra de soja.
Veículo: Diário do Comércio - MG