Empresas de alimentos do Mercosul querem políticas harmonizadas que estimulem o crescimento do setor para conquistar outros mercados. "O que temos de fazer primeiro - com nossos colegas equivalentes de Brasil, Uruguai, Paraguai e Chile - é alinhar os requerimentos e as autorizações exigidas, e não ter travas internas que impeçam ou atrasem o comércio", disse o presidente da Coordenadora das Indústrias Alimentícias e de Bebidas da Argentina (Copal), Daniel Funes de la Rioja. A fronteira argentina está praticamente fechada desde o dia 1º de fevereiro para o Brasil.
Somente no setor de agroindústria brasileiro são 141 produtos que sofreram uma drástica redução de entre 20% a 100% de seus embarques dirigidos ao mercado argentino, a partir de fevereiro, segundo dados do governo brasileiro. Alguns destes itens não entram no país nos últimos três meses e meio, como: carnes industrializadas de suíno e de peru e miudezas; sucos de uva e caju; mate; tomate preparado e em conserva; ração para cães e gatos; leguminosas e hortícolas; batata, cigarro, óleo de origem animal; farelo de soja; óleo de dendê e de girassol e cebola.
Em abril, segundo dados oficiais do Indec, as importações argentinas caíram 14% em bases anualizadas até abril, para US$ 4,86 bilhões. O país teve um superávit de US$ 1,827 bilhão, 23% mais que em igual mês do ano passado. A Argentina comprou 23,2% menos de produtos brasileiros do que comprou em abril de 2011. O Brasil respondeu às restrições argentinas com medidas similares e fechou as portas para as uvas passas, maçãs, peras, farinha de trigo, queijos e vinhos. Na última segunda, também vetou as batatas pré-congeladas argentinas.
"As barreiras sempre existiram, não só no Mercosul, mas nos outros blocos econômicos. O desafio empresarial é mostrar que adotar barreiras não é bom, nem conveniente para os países", disse Funes de la Rioja. Para uma Argentina que convive com falta de dólares e elevada inflação, o impacto das barreiras brasileiras foi imediato: a principal fábrica de batatas congeladas paralisou suas linhas de produção e os exportadores de frutas não realizam nenhuma venda há 15 dias. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG