O setor calçadista brasileiro registrou queda de 3,9% no emprego nos quatro primeiros meses de 2012, em relação a igual período do ano anterior. O saldo estimado de emprego acumulado no ano é de 354 mil vagas, ante 368 mil postos de trabalho de janeiro a abril de 2011.
Isto não significa que o setor demitiu: segundo dados do Cadastro geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), foram criadas 16 mil vagas de janeiro a abril, mas o número é insuficiente para compensar as perdas acumuladas em 2011, ano em que o setor fechou com saldo negativo de 11 mil vagas.
No mercado externo, as notícias também são ruins. As exportações tiveram queda de 18% em valor, somando US$ 368 milhões, contra US$ 449 milhões no primeiro quadrimestre do ano passado. Em volume, a redução foi de 1,3%, com 40,2 milhões de pares embarcados, ante 40,7 milhões.
Contribuiu para isso o fato de 2,2 milhões de pares de sapatos destinados ao mercado argentino estarem retidos, aguardando resolução de impasse com o país vizinho. No quadrimestre, o faturamento com exportações para a Argentina teve queda de 48%, e o volume, redução de 55%. "O governo se mostrava reticente em intervir, pelo fato de o Brasil ter um superávit na balança comercial bilateral de US$ 6 bilhões, mas ele garantiu que agora vai endurecer o jogo", diz o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein.
As importações cresceram 15% em valor e 10% em volume, com US$ 146 milhões empregados na compra de 15 milhões de pares. Vietnã e Indonésia superam em valor as exportações chinesas, como reflexo da política antidumping adotada contra a China em 2010 e das práticas de triangulação adotadas para driblar esta medida.
Também chama a atenção o aumento de 83% em valor e 27% em volume na importação de cabedais (parte superior do calçado), o que segundo a Abicalçados indica que os importadores estão montando o calçado no Brasil, para driblar a maior tarifação sobre calçados prontos chineses.
Ainda assim, a Abicalçados está otimista e estima aumento de produção entre 3% e 3,5% para 2012, ante queda de 8,4% em 2011. "Se tivermos resultados favoráveis em julho com relação às importações do Vietnã e da Indonésia e partes de calçados da China, certamente teremos participação maior do calçado brasileiro no segundo semestre, apesar da estabilidade do consumo", prevê Klein.
Veículo: DCI