O Estado de Mato Grosso não tem tradição no cultivo de feijão, mas encontrou no plantio da leguminosa uma oportunidade de negócios diante da colheita menor na primeira safra do grão na região Sul do país - ela foi de 513 mil toneladas no período 2011/12 contra as 766 mil toneladas em 2010/11 - em decorrência da estiagem que afetou a região, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os produtores mato-grossenses aumentaram em 12% de um ano para o outro a segunda safra do grão, com a variedade carioca, e esperam colher entre 42 e 45 mil toneladas em uma área de 30 mil hectares, a partir da segunda semana de junho. Na avaliação de Paulo Henrique Ribeiro de Aguiar, sócio-gerente da Brasil Agropulses, empresa que comercializa feijão dentro e fora do país, a colheita do Estado só não será maior porque a ocorrência de um veranico no mês passado prejudicou o enchimento dos grãos.
Mesmo assim, o agricultor já prevê preços de R$ 140 a R$ 170, para a saca de 60 quilos, superiores aos R$ 100 e R$ 120 da colheita da segunda safra do ano passado. Aguiar analisa que o plantio ganha espaço entre os agricultores que encontraram no grão uma forma de diversificar a dupla de cultivos soja e milho no Estado. "A tendência é de expansão", acredita Ribeiro de Aguiar.
Conforme dados da Conab, a segunda safra mato-grossense será de 181 mil toneladas e a variedade carioca representa apenas 1/4 dela. A maior parte é composta por feijão de corda (caupi), vendido para o Norte e Nordeste onde o grão é tradicional na alimentação.
A previsão da Conab é que o Estado colha 232,2 mil toneladas somando as três safras da leguminosa, em 2012. Os maiores produtores de feijão do país são Paraná, com 298 mil toneladas e Minas Gerais, com 214 mil toneladas, durante a safra 2009/10.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a maio, os preços do feijão carioca subiram 15,30% no período fechando alta de 66,53% no ano, tendo em vista a menor oferta do produto em razão de problemas climáticos.
O IPCA-15 teve variação de 0,51% em maio, superior à taxa de 0,43% de abril. Com isso, o acumulado durante o ano ficou em 2,39%, abaixo do mesmo período do ano passado que chegou aos 3,86%. Na perspectiva dos últimos 12 meses, o índice atingiu 5,05%, ante os 5,25% em comparação ao mesmo período.
Veículo: Valor Econômico