Os estragos provocados pela chuva no porto de Itajaí atingem principalmente os produtos frigorificados, pela concentração, na região, de grandes indústrias do setor, mas também companhias de outros segmentos. Empresas como Perdigão, Sadia, Seara, Diplomata e WEG, que embarcam por semana cerca de 1,2 mil contêineres, terão de procurar alternativas de curto prazo para completar suas operações. Artigos como carne, frango e massas são exportados em contêineres-frigoríficos. "Os berços 1, 2 e 3 foram com as águas; o de número 4 está para ter os efeitos analisados e o zero deverá ficar pronto em dezembro", avalia Patrício Júnior, diretor comercial para a América do Sul da APM Terminals, arrendatária do Terminal de Contêineres do Vale do Itajaí (Teconvi).
Nos últimos doze meses, o Teconvi operou o equivalente a 650 mil Teus (unidades de contêiner de 20 pés), ante cerca de 170 mil Teus de Navegantes, porto localizado na margem oposta do rio.
O executivo da APM Terminals disse que todo o porto passará por uma avaliação técnica, a fim de precisar o volume de recursos para sua recuperação. Pelos prognósticos e "dependendo da participação do governo federal, demandará algo entre quatro e seis meses". Patrício Júnior entende que dada a importância econômica do porto de Itajaí, que movimenta por ano o equivalente a mais de US$ 10 bilhões, entre cargas importadas e exportadas, "o apoio oficial neste momento é indispensável". Autoridades da região pleiteiam a expedição de uma medida provisória para garantir recursos emergenciais ao porto catarinense, que recebe por mês cerca de 100 navios.
As chuvas fizeram também transbordar os reservatórios das usinas hidrelétricas. De acordo com o Operador Nacional do Sistema, o nível da região Sul ultrapassava os 96% no início da semana. A Tractebel Energia tinha duas usinas vertendo água. Ontem, de acordo com o diretor de produção de energia da empresa, José Carlos Cauduro Minuzzo, das suas usinas apenas a de Salto Santiago, no Rio Iguaçu, continuava vertendo. As comportas de vertedouro da hidrelétrica Machadinho foram fechadas ontem de manhã. E essa situação é reflexo dos volumes expressivos de chuvas observados desde setembro, já que a recente enxurrada que se abateu sobre o litoral de Santa Catarina não alterou as condições das usinas da Tractebel, que ficam no oeste do estado. Isso porque as fortes chuvas se restringiram às bacias hidrográficas dos rios que correm para o litoral do estado. (*Para Valor)
Veículo: Valor Econômico