Inverno frustra setor de vestuário

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As vendas das coleções de inverno foram decepcionantes e as projeções de crescimento para a indústria de roupas começaram a ser revistas para baixo. Sem contar com uma forte recuperação no segundo semestre, a produção do setor de vestuário deve continuar estagnada. "O inverno ainda não apresentou bom desempenho. É difícil o verão compensar isso", diz Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial. Com a demanda fraquejando, a oferta tem pouco espaço para crescer. Para este ano, as projeções apontam para alta de 1,5%, um retorno aos 6,4 bilhões de peças registradas em 2010. No primeiro quadrimestre, a produção recuou 13%.

Diante da decepção com as vendas das coleções de inverno, as projeções para a indústria de roupas no Brasil já começaram a ser revistas para baixo. Sem contar com uma forte recuperação no segundo semestre e com o consumo em desaceleração, neste ano a produção do setor de vestuário deve continuar em processo de estagnação. Com tais perspectivas cresce a cautela entre as empresas, que já começam a segurar os investimentos e planos de expansão.

As últimas projeções do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), apontavam para uma alta de 5,3% no consumo aparente - medido pela produção somada às importações, menos as exportações - do setor neste ano. Com esse crescimento, o consumo de roupas sairia de 6,9 bilhões de peças em 2011 para 7,3 bilhões de peças. No entanto, o instituto já está revisando essas estimativas, que agora começam a apontar para estabilidade da demanda.

"O inverno ainda não apresentou bom desempenho. É difícil o verão compensar isso. O consumo aparente não deve crescer neste ano", afirma o diretor do Iemi, Marcelo Prado. Se essa perspectiva se confirmar, 2012 será o segundo ano praticamente sem crescimento do setor.

O clima instável e a desaceleração do consumo das famílias brasileiras foram os principais culpados pelos resultados desapontadores das coleções de inverno. Houve poucos dias de frio, que chegaram atrasados. Além disso, o consumidor está mais cauteloso na hora das compras, já que a elevação do endividamento tem pressionado a renda da população. Depois do dia das mães, o movimento ficou fraco principalmente no varejo e o mercado não espera que as vendas para o dia dos namorados consigam compensar a lentidão do mercado. Agora, a indústria já começa a se voltar para as coleções de primavera e verão.

As vendas para o consumidor no varejo (considerando apenas lojas físicas) para 2012 também estão sendo revisadas para baixo. Entre 2010 e 2011, a alta foi pequena, de 1,6%. Para 2012, estava sendo projetada uma alta de 4,7%, para 6,8 bilhões de peças. Mas agora também começa a ser esperada uma estabilidade. "O varejo desaqueceu e ele sozinho não alimenta mais o crescimento da indústria do vestuário", explica Prado.

Com o lado da demanda mostrando fraqueza, a oferta também caminha para estagnação. A produção da indústria do vestuário no Brasil somou 6,3 bilhões de peças no ano passado, o que representou uma queda de 1,6% frente ao produzido em 2010. Para este ano, as projeções apontam para alta de 1,5%, voltando ao patamar dos 6,4 bilhões de peças registrado em 2010. E o desempenho do primeiro semestre é o que vai puxar esse cenário para baixo. Segundo Prado, entre janeiro e abril, a produção já apresenta queda de 13% ante o mesmo período do ano passado.

Com esse cenário, as empresas agora se deparam com dificuldades que se somam à concorrência das importações e, sem grandes perspectivas para este ano, elas estão reduzindo seus investimentos. Os dados do Iemi mostram que a indústria do vestuário investiu US$ 558 milhões no ano passado, uma alta de 17% frente ao investido em 2010. Neste ano, no entanto, os desembolsos devem recuar 18%.

"Em 2011 o mercado parou e muitas empresas já vinham em processo de expansão. Agora, quem pode reter investimentos, está fazendo isso", afirma Prado. Segundo ele, o mercado estagnado requer um esforço maior das companhias. "Elas devem inovar, se fortalecer em produtos de maior valor agregado, em prestação de serviços", diz.



Veículo: Valor Econômico


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