As ações da Hering tiveram um pregão atípico ontem, quando dados de um relatório apontando uma piora no cenário de consumo - e informações sobre possibilidade de revisão em projeções de resultados da empresa - circularam no mercado. Os papéis tiveram a maior queda do dia, com retração de 7,7%, enquanto o Ibovespa ficou estável. O giro financeiro atingiu R$ 217, 4 milhões, volume superior a média no ano (R$ 58 milhões).
Operadores ouvidos pelo Valor disseram que a queda das ações foi acentuada por um relatório do Bank of America Merrill Lynch (BofA). Além disso, o Valor apurou que a Hering teria reduzido suas projeções de vendas para o ano, informação que teria sido obtida por analistas na própria empresa. A Hering não se pronunciou até o fechamento desta edição.
O BofA iniciou a cobertura da Hering com "manutenção" e preço-alvo de R$ 48. No relatório, divulgado segunda-feira, o banco diz que as perspectivas no longo prazo são positivas. No curto-prazo, porém, as receitas da companhia devem ser pressionadas pela desaceleração do consumo e pelo real depreciado em relação ao dólar, o que aumenta o custo de importações.
Há ainda o risco de retirada de incentivos tributários, que, em 2011, representaram 25% da receita da Hering, calcula o banco. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais os benefícios fiscais concedidos por cinco Estados e pelo Distrito Federal.
O aumento na tributação sobre produtos importados é outra ameaça, diz o BofA. A partir de 2013, o imposto de valor adicionado, que incide sobre a compra de produtos têxteis no exterior, subirá de 9% para 15%.
Renato Prado, analista da Fator Corretora, acredita que a queda das ações ontem refletiu uma correção de preços. "Ao que parece, caiu a ficha de que o crescimento da companhia daqui para frente será mais moderado", disse. A Fator tem recomendação de venda para a Hering e preço-alvo de R$ 37,67. No ano, as ações da Hering acumulam alta de 16%, enquanto Ibovespa recua 5,14%.
Veículo: Valor Econômico