Sucessão desafia sobrevivência

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De cada 100 empresas familiares no Brasil, apenas cinco chegam à terceira geração.


A sobrevivência das empresas é hoje uma das maiores preocupações entre as famílias que comandam negócios. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Brasil tem cerca de 8 milhões de companhias, sendo 90% de propriedade familiar. Os setores são os mais diversos e vão desde tinturaria e padarias até grande companhias, como os grupos Votorantim e Pão de Açúcar.

Juntas, elas somam 2 bilhões de empregos diretos no país. Seja grande, média ou pequena, as empresas familiares têm um papel significativo no desenvolvimento econômico, social e até político de vários países. Em Minas Gerais, é possível conhecer vários exemplos de sucesso.

As empresas familiares representam 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, 34% da indústria e 54% dos serviços. Mesmo diante dos números positivos, a preocupação para manter os negócios é grande.

A cada 100 empresas familiares brasileiras, somente 30 chegam à segunda geração e só cinco sobrevivem até a terceira geração, segundo dados do Sebrae. "A questão da sucessão tem uma posição ambígua, pode dar às empresas uma nova perspectiva de atuação, ou pode ser a sua destruição, aliada à falta de profissionalismo", afirma o consultor da paulista DS Consultoria Empresarial, Domingos Ricca.

Cases - Mas existem várias casos de sucesso no país. A holding Cimed, com uma unidade fabril em Pouso Alegre e Varginha, no Sul de Minas Gerais, é exemplo de empresa familiar que sobreviveu às gerações. O conglomerado inclui sete companhias e 100% de capital nacional. No mercado desde 1977, prevê alta no faturamento de 40% neste ano, passando de R$ 453 milhões alcançados em 2011 para R$ 634 milhões.

O portfólio começou com oito produtos e hoje apresenta mais de 400 itens nos segmentos de medicamentos, suplementos alimentares e cosméticos. Para o herdeiro e CEO, João Adibe Marques, o conhecimento deste mercado foi fundamental o crescimento do grupo.

"Todos na minha família trabalham no ramo, são concorrentes diretos e disputam entre si uma fatia do mercado", afirma o herdeiro. Ainda adolescente, Adibe largou os estudos e foi aprender com o pai, fundador da tradicional indústria de medicamentos, as profissões de farmacêutico e administrador. O CEO teve papel decisivo na expansão dos negócios e, conseqüentemente, na fundação do Grupo Cimed.

Concorrer diretamente com 14 laboratórios na família não é motivo de preocupação para o empresário, que troca informações de mercado com os parentes. "O único vendedor da família foi o meu avô, depois dele ninguém quis encarar a parte comercial. Sou o único dos herdeiros que trabalha na parte comercial e todos vêm me perguntar o que rola no mercado", afirma.

Offshore - Já a estilista mineira Patrícia Bonaldi tem mais de 140 pontos de venda pelo país, especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, no segmento de moda nacional. A confecção de origem familiar persegue o objetivo de construir uma história nos grandes centros. A grife de vestidos de festa de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, produz 10 mil peças ao ano, com preço médio para o consumidor final de R$ 3 mil. No fim de 2010, a grife Patrícia Bonaldi abriu uma offshore na Espanha, que abastece 16 mercados na Europa e no Oriente Médio, que hoje responde por 10% do faturamento.

A marca é uma simplificação do nome da proprietária Karla Patricia Vieira Bonaldi, que abriu o negócio ao lado do marido Luiz Humberto Murakami, quando ambos tinham apenas 18 anos. Hoje, com mais de 30 anos, a dupla emprega mais de 90 funcionários diretos e 300 indiretos. Para a estilista, a participação do marido na empresa é boa para o controle do crescimento acelerado. "No nosso caso, a empresa familiar foi importante para fundamentar a cultura da gestão. Eu cuido da parte criativa, dos tecidos e coleção enquanto meu marido é responsável pelas finanças. A receita dá muito certo", revela.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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