Os arrozeiros gaúchos vão aproveitar o lançamento do Plano Safra, que ocorre hoje em Brasília, para acelerar o andamento de algumas reivindicações. Uma comitiva composta por integrantes do governo estadual e de entidades irá à capital federal para pedir que a alteração no prazo do vencimento das dívidas dos produtores seja votada com urgência pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O grupo se reúne com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar do tema e entregar um documento assinado por lideranças políticas e da área pedindo a iniciativa.
Os orizicultores solicitam que a possibilidade de pagamento seja estendida até 31 de outubro, ao invés de 31 de julho (a data atual). “Se as dívidas não forem prorrogadas, os bancos vão cobrar dos produtores e eles não vão ter fôlego para a próxima safra. Do jeito que está, não pode ficar”, afirma Francisco Schardong, diretor-administrativo da Farsul.
Em audiência realizada ontem no Palácio Piratini com o governador Tarso Genro, os representantes do setor obtiveram o apoio do chefe do Executivo em relação a essa questão e também na criação de uma cota de importações junto aos países do Mercosul. Tarso garantiu que levará os temas até a presidente Dilma Rousseff a fim de encontrar uma saída.
A prioridade, no momento, é equacionar a dívida, que hoje chega R$ 3,1 bilhões e atinge mais de 15 mil produtores. A proposta apresentada há cerca de nove meses pelas entidades locais ao Ministério da Agricultura pede prazo de pagamento de 35 anos, com dois anos de carência, taxa de juros de 2,5% ao ano e amortização regressiva das parcelas guiadas por um percentual do faturamento anual. “Semana passada recebi uma ligação do ministro da Agricultura confirmando que, após o lançamento do pacote para a próxima safra, a questão do endividamento vai ser trabalhada”, diz, esperançoso, o presidente da Federarroz, Renato Rocha.
Caso a votação do CMN não saia rapidamente, um plano alternativo para tentar convencer as instituições financeiras a prorrogarem a data será posto em prática. “Iremos formular uma carta de prorrogação para os produtores que tiverem dificuldades. Assim, eles podem apresentar o documento no banco solicitando a prorrogação para 31 de outubro”, assinala Rocha. A execução dessa hipótese, segundo o presidente da Federarroz, se baseia no fato de que os produtores têm o aval do governo estadual no pleito do adiamento. “Caso não haja uma solução, iremos entregar essa carta para todos daqui a alguns dias”, diz.
Com relação à importação dos produtos argentinos, uruguaios e paraguaios, a intenção é estabelecer regras. O objetivo é que em março e abril, os meses de colheita, o arroz dos vizinhos não entre no Estado. Nos meses restantes, o pedido é para que haja uma entrada fragmentada dos grãos. “Nos cinco últimos anos tem entrado, em média, 800 mil toneladas de arroz importado do Mercosul. Precisamos manter um equilíbrio entre consumo, importações e exportações para sempre ter preços de mercado melhores, como nesta safra”, opina Rocha.
Veículo: Jornal do Comércio - RS