Em ritmo de forte desaceleração desde meados do ano passado, a Hering deve apresentar, amanhã, mais um resultado prejudicado pela cautela dos consumidores. Analistas ouvidos pelo Valor projetam que o desempenho em vendas da companhia, afetado também por fatores climáticos, deve ser semelhante ao registrado no primeiro trimestre, período que sazonalmente é o pior para o varejo de vestuário.
Desta vez, a Hering não divulgou os números da sua tradicional prévia operacional, com a justificativa de que a apresentação dos resultados foi antecipada. Mas há consenso entre os analistas que o crescimento das vendas no critério "mesmas lojas" de abril a junho deve ficar próximo dos 4% apresentados de janeiro a março, ou seja, bastante abaixo do que foi registrado pela empresa no segundo trimestre de 2011 (16,3%).
Segundo a equipe de análise da Planner Prosper, os executivos da Hering comentaram que as vendas nas lojas abertas há mais de 12 meses chegaram a cair durante o mês de abril e duas primeiras semanas de maio. "O cenário melhorou com o Dia da Mães e Dia dos Namorados, mas não a ponto de compensar completamente o mau desempenho no início do trimestre", comenta a Planner Prosper.
A corretora espera um avanço de 12,6% na receita líquida, para R$ 390,7 milhões, em relação a igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) deve alcançar R$ 113,4 milhões, com margem de 29%, em alta de 0,9 ponto percentual. O lucro líquido deve subir 6,8%, para R$ 82,6 milhões.
Cauê Pinheiro, da corretora SLW, ressalta que, além da desaceleração da economia e do alto endividamento das famílias, a redução do IPI para carros e linha branca pode ter prejudicado as vendas do setor de vestuário, uma vez que os estímulos do governo direcionam o consumidor para os segmentos beneficiados. "Fora isso, tivemos um inverno fraco, prejudicando a vendas das coleções para o frio", comenta Pinheiro.
A Raymond James, prevê queda de 8%, para R$ 0,43, no lucro por ação da Hering em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida deve avançar 17%, para R$ 405,1 milhões e o Ebitda 14%, para R$ 111,1 milhões, em relação a um ano antes.
Para 2012, a Raymond James reduziu a projeção de crescimento de receita líquida e vendas "mesmas lojas": de 26,7% e 9,7%, respectivamente, para 18,7% e 4,5%. As vendas mais tímidas somadas à antecipação de promoções de concorrentes como Renner e C&A fizeram a Raymond James cortar também a previsão de margem bruta anual da operação de varejo da Hering, de 50,7% para 48,8%.
Veículo: Valor Econômico