Empresas investem mais no desenvolvimento de líderes

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A área de recursos humanos da Faber-Castell anda bastante ocupada atualmente. Ela está identificando as características dos gestores da companhia e traçando uma correlação entre essas habilidades, os potenciais dos executivos e as necessidades de cada cargo. O mapeamento é a segunda fase de um trabalho de desenvolvimento dos líderes da companhia. "Eles são os responsáveis por apoiar e proporcionar uma alavancagem dos negócios", diz Priscilla Moraes de Oliveira, gerente corporativo de treinamento e desenvolvimento organizacional da Faber-Castell.

A preocupação em desenvolver as competências dos líderes não é exclusiva da organização alemã. Uma pesquisa realizada entre abril e maio pela consultoria Across com 43 grandes empresas atuantes no Brasil, entre nacionais e múltis, apontou que quase todas (98%) estão envolvidas com o tema. "Elas se concentram nos líderes para garantir que as pessoas atinjam as metas", diz Cecília Pinzón, gestora de negócios da Across. Neste ano, 56% das empresas pesquisadas pretendem investir mais no desenvolvimento das lideranças do que em 2011 e 38% esperam manter o investimento nos mesmos patamares.

Para obter bons resultados, 60% das companhias direcionam seus esforços para as habilidades e competências críticas desses gestores. No caso da Faber-Castell, foi feita uma parceria com a Fundação Dom Cabral para a capacitação de executivos em agosto e setembro. "Os líderes são a ligação entre os objetivos da empresa e as pessoas. Quando bem preparados, eles conseguem o engajamento de toda a equipe", diz a gerente da multinacional.

Treinamentos ministrados por instrutores de forma presencial são a principal aposta das companhias na hora de desenvolver as competências dos colaboradores. Na pesquisa da Across, 95% disseram usar cursos desse tipo. Em seguida, foram citados coaching (70%), e-learning (58%), assessment (49%) e webinars - treinamentos ministrados por instrutores virtuais (28%).

O coaching, segundo item mais citado na pesquisa, é um dos programas usados pela Natura para o desenvolvimento dos colaboradores. Ney Silva, diretor de RH da fabricante de cosméticos, explica que o processo de aprendizagem dos funcionários da companhia segue um modelo de 70-20-10. Assim, 70% do processo vem da rotina diária de trabalho, 20% está associado a "mentoring" e "coaching", e 10% se consegue com cursos em formatos tradicionais.

Dentro dessa estratégia de treinamento de líderes internamente, que já existe há cerca de três anos, a Natura desenvolveu um programa para formar "coaches" - gestores da organização que trazem uma bagagem interessante e que têm interesse no tema. "Eles se candidatam voluntariamente para receber a formação", explica Silva. "Depois, já preparados para a função, aplicam esse conhecimento com outros profissionais da companhia que desejam em trabalhar algum ponto específico". Segundo o executivo, cinco gestores já concluíram o programa e outros cinco estão no meio do processo.

A preocupação com a formação dos líderes é consequência, em parte, da dificuldade de encontrar profissionais qualificados no mercado - uma realidade que persiste mesmo com o recuo da indústria na contratação de executivos no primeiro semestre deste ano. No caso da Natura, Silva explica que o crescimento acentuado da empresa nos últimos anos e a "cultura organizacional particular" são outros fatores que justificam os altos investimentos direcionados ao desenvolvimento dos gestores.

"A empresa ganhou força a partir de seus valores. Desse modo, precisamos de líderes profundamente engajados com a nossa política", afirma. O diretor ressalva, no entanto, que é importante recrutar uma pequena parte dos gestores externamente, para "oxigenar" o quadro de executivos. De acordo com ele, 70% dos cargos abertos na companhia são ocupados por colaboradores "da casa". "Queremos chegar a 80%", revela.

Na Faber-Castell, a dificuldade em encontrar profissionais também é uma das principais razões do foco no desenvolvimento das lideranças internas. "Também sofremos com a falta de mão de obra qualificada", diz Priscilla. Soma-se a isso o fato de a empresa ter unidades no interior paulista - são duas em São Carlos - e três fora do eixo Rio-São Paulo - em Prata (MG), Morretes (PR) e Manaus (AM). "Não é fácil mandar funcionários para esses locais. Assim, é essencial valorizar os recursos internos."

Além dos gestores, os jovens também são foco dos RHs. Segundo a pesquisa da Across, 24% das empresas pretendem investir mais em trainees neste ano e 31% vão manter os investimentos nos mesmos níveis de 2011. "Os jovens têm uma ansiedade por promoção. Temos que cuidar desses talentos e prepará-los para o futuro", ressalta Priscilla.


 
Veículo: Valor Econômico


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