Terminais investem para adequar transportes

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Os terminais portuários brasileiros buscam se modernizar para continuar operando. Um exemplo é o contrato fechado com valor superior a R$ 140 milhões que pode solucionar o problema que há anos atormenta os exportadores locais: a exigência do governo dos EUA de que todas as cargas que chegam via contêiner ao país passem antes por scanners em seus portos de origem. A Smiths Detection Brasil acertou a venda de mais de 20 destes equipamentos aos principais terminais do Brasil, através de uma concorrência coordenada pela Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec).Outra companhia, a HTS Brasil, providenciará para que os pórticos de um dos maiores complexos do Porto de Santos, o Tecondi, sejam capazes de registrar dados numéricos dos caminhões e contêineres que entram em seus pátios.

E mais: a própria Smiths Detection fechou com a Brasil Terminal Portuário (BTP) a entrega de máquinas para a análise de cargas de alto volume. A BTP está construindo um terminal portuário multiúso na margem direita do Porto de Santos, e está investindo nisto R$ 1,8 bilhão. O local contará com duas máquinas do tipo HCVP da Smiths, cada uma capaz de inspecionar até 195 cargas de caminhões ou contêineres por hora. O HCVP consegue escanear aços de 230 mm a 300 mm.

"Embora não trabalhemos só para portos, este contrato de fornecimento de equipamentos ao setor é de fato um marco para nossa companhia", conta Danilo Dias, CEO da Smiths Detection Brasil. "Ele vai de encontro a uma de nossas metas, que é a de igualar nosso índice de vendas ao setor privado com o do setor público." Alguns dos terminais que compraram os scanners da empresa no bojo desta encomenda foram a Santos Brasil e a Libra, o capixaba Terminal de Vila Velha (TVV), o Convicon, do Pará, e o baiano Tecom Salvador.

11 de setembro

Os Estados Unidos são o segundo maior importador de mercadorias brasileiras no que tange a valores, só perdendo para a China. No ano passado os carregamentos que saíram do País com destino a portos norte-americanos totalizaram US$ 25,8 bilhões. Não há como ignorar um mercado tão grande.

Ainda assim, desde que os EUA decidiram, na esteira dos atentados terroristas que sofreram em 11 de setembro de 2001, que todos os contêineres que entrassem em seu território teriam de ser escaneados em seu porto de origem, os exportadores brasileiros estão bastante preocupados. Afinal, 45% das remessas do Brasil aos EUA são de manufaturas, as quais são quase sempre transportadas via contêiner. Executivos de terminais temem que a medida vá aumentar os custos da cadeia logística do setor, além de torná-la mais lenta. No entanto, há os que veem com bons olhos a novidade.

"Quanto mais se manuseia a carga, mais cara ela fica. Se passarmos a escanear 100% de tudo que exportamos e importamos não será mais preciso a conferência física dos contêineres, o que vai tornar nosso trabalho mais ágil e barato", defende João Mendes, diretor de Operações da BTP, que adquiriu os dois aparelhos da Smiths. Ele ressalta que, de qualquer modo, a própria Receita Federal determinou que até o final deste ano todos os terminais alfandegados tenham scanners. Quem não tiver não ganha a concessão, e quem já estiver operando e não providenciar scanners não a terá renovada.

A movimentação econômica gerada pelas novas demandas por segurança nos terminais portuários do País não se restringe a este equipamento, vale ressaltar. Também é exigência legal que estes recintos contem com sistemas que identifiquem, em suas entrada e saída, caminhões e contêineres que ali transitem. Além disto, será preciso que seja aumentada a resolução das câmaras de monitoramento dos pátios.

Gates

Outro exemplo de negócio gerado por estas circunstâncias foi a escolha feita pela empresa santista Terminal para Contêineres da Margem Direita (conhecida como Tecondi) da HTS Brasil como responsável pela automatização de 22 gates (pórticos) de suas instalações. "Forneceremos ao Tecondi um sistema que reconhece a placa do caminhão, o número do contêiner, e em seguida transmite as informações", conta Maxwell Rodrigues, vice-presidente da HTS, a qual tem sua sede mundial em Israel.

Ele lembra que o crescimento do fluxo de mercadorias pelos portos do Brasil tem levado os principais terminais alfandegados a preocuparem-se com o volume de movimentação, pois o fator "espaço" passa a ser um obstáculo no processo. Não há locais facilmente disponíveis para a armazenar contêineres, e investimentos para ampliá-los são muito caros. Assim, o melhor para que o terminal seja e continue competitivo é aumentar a velocidade de movimentação da carga.

Alta tecnologia

Companhias que vendem alta tecnologia de detecção contam com mercado em muitas áreas. A Smiths Detection também comercializa portais para identificação de metais, detectores de substâncias perigosas tais como explosivos e narcóticos e de traços químicos e biológicos em recipientes. Já a HTS acertou o fornecimento à estatal paulista Desenvolvimento Rodoviário S.A. (a Dersa) de câmeras que farão o reconhecimento de placas de veículos de 12 travessias em estradas que cortam o estado.

Mas no momento o grande filão deste mercado parecem ser mesmo os scanners.

O governo do Ceará anunciou a compra de um destes aparelhos para checar as mercadorias que passam pelos portos locais, ao custo de R$ 4,46 milhões. A Receita afirma que o uso de scanners segue recomendação da Organização Mundial de Aduanas (OMA) para que os portos privilegiem meios de fiscalização não intrusiva, que dispensam o contato humano.

"A segurança tem de ser percebida como um mecanismo para a eficiência, não só para proteção. Ela gera rapidez no atendimento, praticidade na logística e menor custo operacional", finaliza Dias, da Detection.


Veículo: DCI


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