Para gastar, consumidor negocia desconto

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Consumidores da classe média e os de menor renda têm um ponto em comum nestas semanas que antecedem o Natal: querem desconto para enfiar a mão no bolso. No fim de semana, quando já havia caído na conta corrente a primeira parcela do 13º salário e os corredores da megaloja da Casas Bahia em São Paulo começavam a se encher de gente, os primeiros pechinchavam desconto e parcelavam suas compras. E os segundos negociavam redução do preço, mas para pagar à vista.

 

O vendedor autônomo Paulo Pollefrume, 25 anos no ramo, negociou a compra de um aparelho de MP4 para a filha na megaloja. Prevenido, realizou uma pesquisa antes de ir às compras com a filha e, na pechincha, conseguiu desconto de 5% no pagamento parcelado em 10 vezes sem juros no cartão de crédito. "A gente não compra nada se não tiver a briga por uns 10% ou mais né, Sofia? Esta aqui é treinadinha. Não compra nada sem desconto!", dizia Pollefrume, sorrindo para a filha. 

 

A compra parcelada em até 10 vezes sem juros no cartão atraiu boa parte do público de classe média que circulava pela Super Casas Bahia na sexta-feira e no sábado. Este é o sexto ano consecutivo em que a varejista promove um saldão de fim de ano. A megaloja recebeu R$ 2 milhões de investimentos e espera faturar R$ 80 milhões com a visita de 2 milhões de pessoas nos 41 dias funcionamento. São, ao todo, 150 expositores. 

 

Osmar da Silva, eletricista, usou economias e parte da primeira parcela do 13º para comprar uma TV. Na pesquisa que realizou antes de ir à megaloja, viu que o produto estava em cerca de R$ 4 mil, mas conseguiu pagar R$ 2,1 mil. Ao lado da mulher, estava satisfeito. Silva diz que o hábito da comprar à vista é uma preferência do casal. "Sempre pedimos um desconto à vista, juntamos o dinheiro e pagamos de uma vez". 

 

Dona Guiomar Bálsamo Gonçalves, de 74 anos, mora na zona norte de São Paulo. É aposentada e freguesa assídua da Casas Bahia, a maior de eletrodomésticos e móveis do país. Ela estava animada para assistir um show da Disney - ganhou o ingresso ao comprar um "rack" (um móvel para acomodar produtos eletrônicos) por R$ 550 à vista. No ano passado ela comprou uma TV de 42 polegadas, também à vista, por R$ 2.999,99. "Ultimamente só compro à vista, apesar de ter cartão da crédito". Por não ter família e morar sozinha, Guiomar diz que não pretende gastar mais com compras neste fim de ano, mas "se sair um dinheiro que estou esperando, talvez ainda compre um aparelho de som." 

 

O comerciante de uma loja de aparelhos eletrônicos Hermes Straube conseguiu um desconto de cerca de R$ 100 sobre as 10 parcelas no cartão na aquisição de um TV novo. "Prefiro comprar à vista, mas como consegui o desconto no parcelamento, resolvi fechar o negócio". 

 

Mas nem todos os que circulavam pela megaloja gastaram. O advogado do Citibank Ricardo Gimenez, de férias, passeava tranqüilamente com a mãe. Ambos cochichavam e olhavam atentamente os preços dos TVs de plasma. "Vamos comprar uma, mas não hoje. Estamos apenas vendo preços", disse Gimenez. Assim como eles, outros pesquisadores percorriam os corredores da seção atentos às promoções, torcendo, talvez, por preços menores ao longo das próximas semanas. 

 

Uma vendedora disse ao Valor que os preços de geladeiras já estão caindo. O casal Ronaldo Oliver e Iara Cavalcanti olhavam, justamente, fogões e geladeiras tomando um chope, enquanto aguardavam a finalização da compra de aparelhos de som e imagem. Atentos ao cenário de crise, resolveram brecar as compras. "Tiramos um pouco o pé do acelerador. Vamos diminuir valores dos presentes de Natal." 

 

Veículo: Valor Econômico


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