Crise pressiona cotação da borracha no país

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Poupado até agora do impacto da crise financeira global, o segmento de heveicultura paulista prepara-se para enfrentar uma queda substancial nos preços da tonelada da borracha negociada no mercado interno. Os produtores olham com atenção para o mês de dezembro, quando os preços, negociados bimestralmente, sofrerão o primeiro reajuste pós-crise. É consenso no setor um recuo de até 25%. 

 

A tendência de queda da cotação da borracha está mais associada ao movimento do petróleo que a um recuo nas vendas, afirmam produtores. Isso porque a cotação da borracha natural e sintética - derivada do petróleo - tradicionalmente acompanha as tendências do óleo. Em agosto deste ano, a tonelada da borracha custava US$ 3 mil. No cenário atual, a média é de US$ 1,4 mil. 


 
"Os preços da borracha caíram, mas o câmbio compensou um pouco o produtor brasileiro", afirmou ao Valor João Sampaio, secretário da Agricultura do Estado de São Paulo e heveicultor, que participou da abertura do VI Ciclo de Palestras sobre a Heveicultura Paulista, realizado na semana passada em São José do Rio Preto, no interior do Estado.

 

Conhecido entusiasta da cultura, Sampaio aponta alguns fatores quando diz que a crise não é motivo para tirar o sono dos produtores. O primeiro deles é que a modesta queda no consumo, que já vem ocorrendo, não será suficiente para afetar os seringais. O secretário, ele próprio um grande produtor de borracha, lembra que a produção brasileira gira em torno de 120 mil toneladas por ano, uma quantia muito pequena para as necessidades do país - o consumo nacional é exatamente três vezes mais que isso. 

 

Cerca de 85% da borracha nacional é destinada à produção de pneus e artefatos da indústria automobilística. "Se houvesse queda de 50% no consumo de borracha, o que seria uma catástrofe para o setor automobilístico e para o país, ainda assim o Brasil consumiria 180 mil toneladas de borracha, o que é muito mais do que produzimos", diz Sampaio. 

 

Outro argumento é que a crise financeira é algo pontual e a borracha, uma cultura de longo prazo. Ou como dizem os produtores: é a aposentadoria garantida. 

 

Dados da Associação dos Produtores de Borracha (Apabor) apontam que mais de 65% dos heveicultores mantêm outra atividade agropecuária, consorciada ou não com a borracha. "O que mais ouvi [em Rio Preto] foram perguntas sobre laranja, cana e pecuária. E sobre crédito. A borracha não era um tema que preocupava", afirma o secretário. 

 

Prova disso, diz Sampaio, é que a área para a cultura tem crescido. A combinação de estímulo à pesquisa, melhoria tecnológica e produção consorciada levou a um incremento na área plantada de 40 mil hectares para 77 mil hectares na última década. O números de árvores subiu de 17 milhões para 36 milhões de pés. 

 

Veículo: Valor Econômico


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