Clima adverso e volatilidade diminuem vendas de café

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O clima adverso, que prejudica a entrega de café de melhor qualidade, e a volatilidade nos preços estão comprometendo o ritmo de comercialização da safra 2012/13, tanto no mercado interno quanto para exportação, afirmam analistas e representantes de empresas. A temporada 2012/13 começou oficialmente no início do mês, embora a colheita tenha se iniciado antes.

"O produtor não quer se comprometer a vender neste começo de safra", afirma Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffees, em Nova York. O motivo principal, segundo ele, é a incerteza em relação aos preços. Depois de atingir máximas históricas em maio de 2011, quando superou os US$ 3,20 por libra-peso, o café arábica registrou queda brusca neste ano. Apesar da recuperação das últimas semanas, a commodity fechou a quarta-feira a US$ 1,7915 na bolsa de Nova York.

Gil Barabach, analista da consultoria Safras & Mercado, confirma que os negócios estão mais lentos no mercado físico. Segundo ele, apenas 20% da nova safra foi vendida até sexta-feira. Em anos normais, lembra, as vendas atingem 25% já em maio.

Além da menor disponibilidade de produto em função do atraso da colheita, as vendas antecipadas também estão em marcha lenta. Até o fim do ano passado, conta o analista, os produtores apostavam que os preço iriam subir e decidiram segurar o café remanescente da safra 2011/12. Como a alta não ocorreu, ficaram com o produto na mão e só retomaram as vendas em março. Barabach observa que não existe "agressividade" nas vendas porque os produtores acreditam que as cotações devem se recuperar no médio ou longo prazo.

Sem citar números, Carlos Honorato Ferreira, diretor comercial da Unicafé, uma das maiores exportadoras do país, observa que há um volume pequeno de contratos de longo prazo (para entrega a partir de agosto) em relação a outros anos, devido à grande volatilidade dos preços internacionais e do câmbio.

Para Ferreira, o ano está sendo atípico para este tipo de venda. Em 2012, os embarques da empresa, que em 2011 somaram 1,8 milhão de sacas, devem cair em virtude também da crise na Europa e da desaceleração econômica nos Estados Unidos. Segundo ele, as torrefadoras lá fora encontram dificuldade de financiamento. "O comprador está adquirindo o produto da mão para a boca", explica.

Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), avalia que o vendedor brasileiro está cauteloso diante da falta de informações mais precisas sobre os prejuízos provocados pelas chuvas durante a colheita, principalmente no Sul de Minas, São Paulo e Paraná.

Além disso, os cafés de melhor qualidade recebem um prêmio sobre os preços dos grãos "médios" na bolsa de Nova York. E não há mecanismos de proteção, um hedge, para estes prêmios.

Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, também observa uma redução dos contratos de longo prazo. "É bastante clara essa diminuição", afirma. Apesar de ser muito difícil estimar o tamanho da queda, ele acredita que seja superior a 20% em relação ao mesmo período de 2011.

Segundo Carvalhaes, o fato traz insegurança para toda a cadeia produtiva, pois quem adquire o produto por meio destes contratos também tem compromissos a cumprir. "Essa insegurança leva à dificuldade de fixar contratos". Para ele, a volatilidade dos preços reflete a queda dos estoques mundiais após uma década de preços baixos, que desestimularam a produção em todo o mundo, e o consumo crescente.

Michael Timm, diretor-geral da Stockler Comercial e Exportadora, afirma que o menor número de contratos de longo prazo para exportação tem maior ligação com o clima desfavorável do que com os preços. Segundo ele, a demanda dos importadores pelo café brasileiro tende a aumentar nos próximos meses quando uma maior quantidade de grãos chegar ao mercado.


Veículo: Valor Econômico





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