Fraco desempenho da B2W não contaminou Lojas Americanas

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Sites de varejo terão prejuízo pela sétima vez consecutiva no segundo trimestre, mostrando falhas no antigo modelo de gestão de “custo baixo a qualquer preço” implementado pelos sócios do Garantia há 20 anos


O modelo de “custo baixo a qualquer preço” implementado pelos sócios do Banco Garantia na Lojas Americanasem 1982, tradicionalmente vem apresentando bons resultados nas lojas físicas, mas começa a dar sinais de desgaste no negócio online, como mostra a baixa performance do braço de comércio eletrônico B2W(Americanas.com, Submarino, Shoptime e Ingresso. com).

Segundo analistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO, os sites da rede terão prejuízo pela sétima vez consecutiva, puxado pela insatisfação dos clientes com os serviços prestados. A B2W está na 9ª posição no ranking do Procon- SP no acumulado deste ano, com 1,4 mil reclamações. “A classe C está mais exigente, quer mais do que preço, quer serviço. E o modelo de negócio daB2W,bem como da Lojas Americanas, está baseado em nível mínimo de serviços”, afirmou Maurício Morgado, especialista de varejo da FGV-EAESP. “A diferença é que a Lojas Americanas é o ornitorrinco do varejo,umformato sem concorrentes, com tíquete baixo e muita escala de vendas, que caiu no gosto do brasileiro”, afirma Morgado.

A expectativa do Barclays é que a B2W feche o segundo trimestre com prejuízo de R$ 14,1 milhões, contra perdas de R$ 29,9 milhões do mesmo período de 2011. As vendas ficarão estáveis, na casa de R$ 982,6 milhões, opinião compartilhada com o analista do Banco Safra, Fernando Labes, que estima que a receita líquida deve apresentar um crescimento anual de um dígito baixo.

Em contrapartida, o comércio eletrônico espera alta de 25% nas vendas neste ano, segundo dados do eBit. “Margens brutas devem cair 5,1 pontos percentuais quando comparado ao ano anterior, pois a concorrência tem sido muito mais acirrada desde o terceiro trimestre de 2011”, avaliou. Luiz Cesta, analista da Votorantim Corretora, criticou o tempo de entrega da B2W, que ainda não é competitivo. Ele também espera números fracos de vendas, bem como queda nas margens bruta e Ebitda. Este cenário tem levado a diversas especulações quanto ao destino do braço virtual, comoumpossível fechamento de capital da B2W.

Lojas Americanas

A Lojas Americanas ainda apresenta bons resultados, apesar dos problemas de processos de gestão da companhia. De acordo com Labes, do Safra, a empresa deve mostrar no dia 14 de agosto, alta de 7% nas vendas de lojas abertas há pelo menos um ano. A receita deve ficar em R$ 2,68 bilhões, alta de 9,9% ante o resultado visto no segundo trimestre de 2011.

Na visão do Barclays, o lucro líquido deve ficar em R$ 49,4 milhões, com alta de 13,82% ante omesmo período do ano anterior. “Acreditamos que a Lojas Americanas tem um modelo de negócio relativamente único de varejo na América Latina”, disse o analista Matthew McClintock do banco britânico.



Lojas aceitam até vale-refeição como pagamento


Celulares e outros eletrônicos podem ser comprados na rede com cartões Visa Vale


Depois da extinção da venda fiado e do abandono do crediário como meio de pagamento, fugir da tríade dinheiro-cheque-cartão é algo bastante incomum para as grandes redes de varejo.

Pois a Lojas Americanas encontrou uma forma de inovar neste quesito. Várias lojas da rede em São Paulo aceitam até o vale-refeição eletrônico para a compra de produtos não alimentícios.

Celular, liquidificadores, ventiladores, lingeries, produtos cosméticos são só uma amostra do mix de produtos que os clientes podem comprar, sem nenhuma burocracia, utilizando os cartões subsidiados pelo governo da bandeira Visa Vale. É uma forma ilegal de utilizar o Programade Alimentação do Trabalhado (PAT), instituído pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, com foco em melhorar as condições de vida de trabalhadores de baixa renda, isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos.

A Lojas Americanas informou que “está apurando os casos apresentados para verificar se houve alguma falha operacional”. Porém, o que a empresa chama de falha operacional, é considerado internamente um procedimento padrão das lojas cadastradas pela Alelo, administradora daVisaVale, para aceitar os cartões.

O BRASIL ECONÔMICO visitou uma tradicional unidade da Lojas Americanas na Rua Direita, no Centro de São Paulo, e conversou com os vendedores sobre omeio de pagamento. E, assim como em outras quatro lojas consultadas na cidade, a venda de produtos com vale refeição é praxe. Os funcionários informam, inclusive, que esse tipo de cartão só não vale para recarga de celular. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), não há estatísticas de fraude do programa.

A única punição para a empresa que utiliza de forma incorreta o benefício é o descredenciamento, que deve ser feito pela prestadora de serviços de alimentação registrada no PAT. AAlelo informou que segue rigorosamente as regras estabelecidas pelo PAT e que, em face da denúncia, avaliará o caso e tomará as medidas cabíveis. Para o especialista em varejo Silvio Laban, professor do Insper, a Lojas Americanas vive um momento de crise de identidade, desde que comprou a Blockbuster, o que explicaria as irregularidades nos processos. “A empresa tem que equilibrar a concorrência entre as lojas físicas e as lojas virtuais, da B2W. A ideia inicial era que o varejo on-line tivesse foco no público de renda mais alta, mas o perfil deste públicomudou”, diz. “Aceitarumcartão refeição comopagamento para produtos é uma tentativa de popularizar demais o negócio


Veículo:  Brasil Econômico


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