Pacífico pode se tornar saída para a indústria

Leia em 5min 10s

A entidade que representa a indústria chilena e que equivale à brasileira Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Sofofa, deverá desembarcar em novembro na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para levar a indústria nacional a utilizar os portos chilenos como a saída natural das exportações brasileiras para os mercados do Oceano Pacífico. Essa será a terceira reunião que será realizada entre as duas entidades que representam o setor industrial, a meta é de convencer os industriais brasileiros a utilizar os acordos bilaterais que o país andino tem com cerca de 60 países e alavancar os resultados do setor produtivo dos dois países.

De acordo com o diretor de Comércio Exterior da entidade chilena, Hugo Hermida, a estratégia que a Sofofa tem como ponto central de seu trabalho na América do Sul é a de convencer as empresas brasileiras a acessarem os mercados da Ásia e Oceania, onde estão alguns dos países mais populosos do mundo, por meio dos portos chilenos. Um ponto que pesa a favor está na questão distância, se utilizadas a aduana chilena há uma redução média da distância para transporte em cerca de cinco mil quilômetros.

"Estamos preparando um novo seminário que faremos na Fiesp, possivelmente em novembro, para apresentar as vantagens de uma parceria entre as indústrias dos dois países com a utilização de nossos acordos bilaterais, que possibilitam a redução de impostos e trazem mais competitividade aos produtos exportados", afirmou ele. "Na primeira oportunidade tivemos a presença de 300 empresas e de 200 empresas na segunda reunião", comentou o executivo.

O foco da iniciativa é abrir o mercado asiático ao brasileiro e outros que apresentam entraves ao produto brasileiro como o dos Estados Unidos. No primeiro momento, explicou Hermida, o acordo com a federação paulista envolve sete segmentos do setor produtivo, com destaque para o florestal, de confecção e o metalúrgico. A estratégia é de fazer um beneficiamento de produtos no Chile para melhorar seu valor agregado, mas sem deixar de lado o certificado de origem do Brasil.

Entre os produtos que podem se beneficiar desse acordo, ele cita o de máquinas e equipamentos além do setor de calçados para a China. Nesse último, a justificativa é de que os consumidores daquele país procuram cada vez mais por produtos de maior valor.

Para o segmento florestal, o executivo da entidade industrial citou o exemplo de acordo do Chile com a Bolívia, onde este fornece as placas de madeiras para a indústria moveleira no norte do país para transformação e posterior venda ao mercado internacional, principalmente à Europa, onde a Bolívia não teria acesso.

"Acredito que essa proposta pode ser atrativa para que empresas do Brasil venham para cá para exportar um produto de maior valor agregado com a facilitação do comércio com outros mercados com saída pelo Pacífico", afirmou Hermida. "E o que é interessante também é que essa iniciativa é totalmente privada, sem o envolvimento dos governos dos dois países, apesar de termos a participação do ministro da Fazenda do Chile e da Indústria e Comércio do Brasil", revelou ele.

Mais indústria

Essa é mais uma tentativa do Chile em tentar atrair um maior parque industrial para seu território como forma de reverter o processo de dependência daquele país à mineração, que responde por 15% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central, em 2011. Porém, a tarefa não deve ser fácil ante os últimos resultados apurados pela associação chilena das indústrias.

Segundo os dados mais recentes da entidade, a produção industrial mostrou em julho desse ano uma queda de 1,5% em relação ao mesmo período de 2011, a primeira retração desde outubro do ano passado em comparação a 2010. As vendas físicas, por sua vez, recuaram 1,7%. Apesar disso, o saldo ainda é positivo no ano com aumento de 2,7% entre janeiro e julho de 2012 ante 2011.

Dentre os setores que mais pressionam o resultado estão o setor de equipamentos para transporte, gráfica, papel e celulose e produtos de madeira. Na contramão, a atividade da indústria de alimentos frescos, bebidas, tabaco e metálicos ajudam a elevar o nível da produção chilena. Fator este que reforça a presença da mineração no PIB chileno.

De acordo com o executivo da Sofofa, a atração de novas empresas e produção interna é uma necessidade chilena, pois o que falta ao País não é mercado mas os produtos para vender ao mundo.

Ele reforçou a necessidade de estimular a indústria daquele país a exportar mais ainda, pois a maior parte das empresas que atuam por lá, 50% possui apenas um tipo de produto que é comercializado para apenas um mercado, são as chamadas Pimes (nome que dão para as pequenas e médias empresas e que, a exemplo do Brasil, são a maior parte da indústria local).

O governo chileno iniciou um programa para atrair outras empresas a investirem no País e aumentar de 21% para 28% do PIB os aportes. A meta é de chegar ao ano de 2020 com PIB per capita de US$ 23 mil.

Um exemplo de localidade com potencial é a da Região de BioBio, onde se localiza a terceira maior cidade chilena, Concepción, com cerca de 2 milhões de habitantes e forte dependência do setor florestal. Por lá existe um dos principais portos do Chile e que é ponto de saída de celulose para a Ásia, entre outras commodities. Além disso, aquela área espera por mais investimentos do setor produtivo para melhorar o nível de empregos na região uma vez que a perspectiva para os próximos anos é de US$ 2 bilhões, oriundos apenas da área florestal. Para termos de comparação, o norte do País, onde a mineração é mais presente, possui expectativa de aportes de US$ 100 bilhões, tanto que o presidente da Codelco, a estatal de mineração afirma que essa estimativa pode não se realizar por conta da indisponibilidade de eletricidade.

Mas ainda há um problema físico a ser resolvido, que é a transposição da cordilheira dos Andes que se coloca como uma barreira natural a ser ultrapassada para que o Brasil tenha acesso aos portos e ao corredor oceânico que dá acesso aos mercados asiáticos.

 

Veículo: DCI


Veja também

Classe média expande consumo de beleza

O mercado de produtos de beleza deve seguir em franca expansão nos próximos anos no Brasil, fortalecido pe...

Veja mais
Área comercial é que mais abre vagas para executivos

A Right Management, consultoria organizacional especializada em gestão de talentos e carreira que pertence Manpow...

Veja mais
Um shopping para o pequeno varejo

O Mais Shopping, instalado na região do Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, começa a mostrar os frutos do se...

Veja mais
Da música ao aroma, tudo ajuda a vender

Reproduzir claramente o conceito de uma empresa é ponto fundamental para a fidelização de clientes ...

Veja mais
O reforço da Electrolux

A Electrolux vai lançar 80 novos produtos neste ano, 50% a mais do que em 2011. "Queremos estar mais presentes no...

Veja mais
Bombril cria Bril, seu braço de cosméticos

Em 2011, com o objetivo de entrar no setor de cosméticos, a Bombril adquiriu, por R$ 15 milhões, 75% da fa...

Veja mais
China dá 27 tipos de subsídios para o setor têxtil

Apoio estatal vai desde controle do preço da matéria-prima até incentivos tributários e cr&e...

Veja mais
Empresa fabrica oito milhões de pacotes de polvilho por mês

Negócio faz os biscoitos de marca própria do Carrefour, Pão de Açúcar e Wall MartAos ...

Veja mais
Anvisa deve liberar venda de sombra e desodorante infantil

Vigilância Sanitária lança hoje uma consulta pública com novas regras para cosméticos ...

Veja mais