Projeto de melhoramento genético visa a produção de leite com 12,5% de sólidos - proteína e gordura.
Na contramão da crise enfrentada pelo segmento de leite no Estado, a Cenatte Embriões e a Embaré Indústrias Alimentícias S/A lançaram na última quinta-feira, em Lagoa da Prata, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, o Projeto Mais Sólidos. O objetivo desta ação é o fornecimento exclusivo de genética para incrementar a produção de sólidos do leite (proteína e gordura) para os fornecedores da Embaré. A expectativa é que no quarto ano de implantação do projeto os animais estejam produzindo leite com 12,5% de sólidos.
Segundo o diretor comercial da Cenatte, Cláudio Lara, a perspectiva para este primeiro ano de projeto é que cerca de mil embriões sejam utilizados em grande parte das 1,316 mil fazendas de onde o leite é captado para atender a Embaré. "Nosso potencial de atendimento é muito maior e acredito que no segundo ano do projeto poderemos dobrar o número de embriões comercializados", projetou.
A parceria irá disponibilizar aos produtores uma genética de altíssimo valor zootécnico, através do fornecimento de novilhas leiteiras, gestantes de embriões F1 e F2 sexados de fêmea. Os sêmens utilizados serão de touros holandeses provados, positivos para produção de leite e percentuais de sólidos totais. Em um litro de leite, a média de água é de 87,5%, os sólidos podem chegar a 12,5%.
Na composição dos 12,5% de sólidos, 4,80% é de lactose, 3,90% gordura, 3,40% proteínas e 0,80% minerais. De acordo com dados da Embaré, no último ano, 58% do leite captado pela empresa estava com índices de proteína variando entre 2,9% a 3,1% e gordura na faixa de 3,3% a 3,5% por litro.
Por se tratar de uma parceria, os preços por gestação de cada animal é um atrativo para os produtores rurais. No mercado a inserção de embriões congelados em receptora da Cenatte fica em torno de R$ 2,3 mil. Com o projeto de parceria, os produtores entregarão à receptora e irão desembolsar R$ 650, que poderá ser dividido em até dez vezes, mais diária, até o segundo mês, quando confirmada a gestação do animal. Para o produtor que optar pela inseminação na própria fazenda fica isento da diária.
De acordo com Lara, o objetivo é chegar a animais com um terço de gir e três quartos de sangue holandês que garante características para adaptação em Minas Gerais. "Com a união da rusticidade do gir com a alta produtividade da raça holandesa, os produtores serão os beneficiados. O segmento enfrenta esse momento delicado e assim que passar esta fase a produção de alimentos melhores será consolidada", apontou.
Incentivo - Para o diretor de captação de leite e transporte da Embaré, José Antônio Bernardes, o Projeto Mais Sólidos será uma forma de incentivar o produtor nesse momento de dificuldade. "Enquanto em outros países existem subsídios para a produção de leite, no Brasil os produtores enfrentam dificuldades para manter a produção. Vai chegar um momento que a indústria vai pagar pelo melhoramento dos sólidos e os produtores têm que estar preparados", afirmou.
Com essa ação a Embaré sai na frente do mercado, buscando melhorias que interessem ao produtor, salientou o diretor. Segundo Bernardes, aumentando o volume de sólidos no leite ganha tanto o produtor quanto a empresa, que chega a perder cerca de 88% da água do leite que evapora na secagem. "Atualmente trabalhamos com 1,1 milhão de litros de leite por dia mas, a partir da segunda quinzena de janeiro, em função da finalização da nova torre de secagem, vamos captar 1,6 milhão de litros", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG