A suíça Barry Callebaut AG, a maior fabricante mundial de chocolate para fins industriais, pretende começar a produzir no Brasil. O consumo no país pode neutralizar os efeitos da estagnação das vendas observada na Europa Ocidental, disse o principal executivo da empresa, Patrick De Maeseneire.
A Callebaut vai decidir no ano que vem se vai comprar uma fábrica de chocolate no país, formar uma aliança com outra fabricante ou construir sua própria unidade de produção, disse De Maeseneire, em entrevista realizada depois da assembléia- geral dos acionistas, ocorrida ontem em Zurique, na Suíça.
"Temos de aproveitar algumas oportunidades", disse ele. "A América Latina é o único mercado individual em que não temos presença. No Brasil, o consumo de chocolate é muito alto."
Mercados emergentes, como os de América Latina, Leste Europeu e China, são os mais resistentes à desaceleração da economia mundial, num momento em que os volumes de vendas estão começando a cair em alguns países da Europa Ocidental, disse o executivo.
Mais baratos. O consumo brasileiro de chocolate subiu 15% em 2007, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). A Callebaut pretende investir cerca de 15 milhões de francos suíços (US$ 12 milhões) na fábrica brasileira, disse De Maeseneire, acrescentando que a empresa já atua na área de processamento de cacau no país.
"A atual crise será mais séria do que qualquer outra de que tenho conhecimento, e será necessário mais tempo para se recuperar dela, mas, tendo isso claro, nós temos de nos preparar para o fim desse ciclo", disse o executivo.
De Maeseneire disse que os consumidores estão começando a migrar de chocolates de qualidade extra para chocolates mais baratos, diante da desaceleração da economia. "Em muitos mercados existe, pela primeira vez, uma substituição do segmento de qualidade extra para marcas menores e para produtos mais baratos", disse ele.
lucro em alta. O chocolate de qualidade extra e o chocolate gourmet empregados pelos restaurantes representam cerca de 25% da receita da Barry Calllebaut, segundo o executivo.
A empresa informou no mês passado que seu lucro subiu 66% no ano fiscal encerrado em agosto. No ano passado ela conquistou contratos para abastecer a Nestlé e a Hershey, num momento em que um maior número de fabricantes de doces optam por comprar chocolate de terceiros, em vez de investir em suas próprias fábricas. A empresa suíça processa 10% da safra mundial de cacau em manteiga de cacau e em ingredientes para produtos alimentícios, que vão desde biscoitos para a Kellogg, até sorvetes para a Unilever.
"Se tudo parar, está claro que o mundo vai parar", disse De Maeseneire na entrevista. "Parto do pressuposto de que a economia vai se recuperar."
Veículo: Jornal do Commercio - RJ