Quatro famílias de empresários brasileiros que possuíam 30,95% do capital da Faber-Castell no Brasil, por meio da Maracaju Administradora de Bens, fecharam na quinta-feira a venda de sua fatia na fabricante de lápis para a matriz alemã, segundo fontes a par da negociação.
O conde Anton Wolfgang Graf von Faber-Castell, pertencente à oitava geração da família fundadora, é o principal executivo e controlador do capital da companhia. Em entrevista ao Valor em agosto de 2011, ele havia comentado que não descartava comprar a participação brasileira. "A questão do valor é chave, tem que satisfazer a ambos. Então isso leva muito tempo", disse à época.
Nos últimos anos, a relação entre os sócios era marcada por diferenças no andamento do negócio. Há pouco mais de um ano, a Maracaju chegou a acionar a Justiça para questionar a eleição do conselho fiscal, proposta pelas famílias brasileiras. A Maracaju foi deixada de fora do conselho e pediu a anulação do pleito e realização de nova votação.
Um acordo de acionistas firmado entre as partes em 1992 venceu em janeiro deste ano e não foi renovado pelo conde alemão. "Talvez meu filho entre na empresa no futuro, e eu não quero assinar um acordo de longo prazo", disse von Faber-Castell no ano passado, argumentando que existia "uma excelente base para continuar a trabalhar juntos, sem o acordo de acionistas". Um dos pontos do acordo previa que, caso houvesse conflito entre os sócios, um teria preferência na compra da parte do outro a valores acima do mercado.
O Brasil é a maior subsidiária da Faber-Castell, que completou 250 anos em 2011. No ano passado, o CEO anunciou que a companhia planejava investir R$ 100 milhões até 2014 para modernizar as fábricas da empresa em São Carlos (SP), Prata (MG) e Manaus (AM). Essas unidades produzem a maior parte dos 2 bilhões de lápis feitos ao ano pela companhia. A empresa, que tem mil produtos no país, quer ser conhecida por um portfólio que vai além de material escolar.
No ano fiscal terminado em março de 2012, a subsidiária brasileira registrou lucro líquido de R$ 37,8 milhões e receita operacional líquida de R$ 383,4 milhões, em crescimento de 6,8% em relação ao período anterior.
Procuradas, Faber-Castell Brasil e Maracaju não se pronunciaram. A holding alemã não respondeu até o fechamento desta edição.
Veículo: Valor Econômico