Maior fabricante mundial de papéis de imprimir e escrever, a americana International Paper (IP) está perto de cumprir a estratégia de vendas traçada para operação brasileira. Em 2012, 80% do papel que é produzido nas três fábricas que opera no país será comercializado internamente ou nos demais mercados latino-americanos, quatro pontos percentuais acima do registrado em 2011. O objetivo é comercializar na região 100% do volume produzido localmente, em razão das margens superiores.
Ao mesmo tempo, a companhia acaba de estrear um novo nicho no Brasil, o de papéis para impressão digital, com produção local na unidade de Luiz Antônio (SP). De acordo com o diretor comercial da IP do Brasil, Nilson Cardoso, o Chambril ImageLok, papel em bobina ("offset") usado para impressões digitais com tecnologia jato de tinta, foi desenvolvido nos EUA há cinco anos, mas não havia saído do mercado americano
"Constatamos um enorme potencial no país, onde não há produção local de papel específico para impressões digitais", disse. O mercado doméstico para esse tipo de papel, contou Cardoso, ainda é incipiente, uma vez que o próprio mercado de impressão digital está em desenvolvimento. Estimativas indicam que, hoje, esse nicho movimenta 2 mil toneladas por ano - importadas da sino-indonésia APP ou "adaptadas" a partir do papel offset tradicional.
Mas tudo indica que esse volume vai crescer significativamente nos próximos anos, conforme o executivo. Em maio, durante a principal feira da indústria mundial de impressão, a Drupa, ficou claro que os sistemas digitais são a bola da vez. "Todas as grandes fabricantes de equipamentos já estão oferecendo soluções a custos bem menores", comentou.
Para produzir no país, a IP investiu na adaptação de uma linha da fábrica de Luiz Antônio, cuja capacidade produtiva total é de 380 mil toneladas anuais. O valor do aporte não é divulgado.
De acordo com o executivo, o potencial de crescimento para esse tipo de produto na América Latina é de mais de dois dígitos ao ano. "Espero poder, em algum momento mais para a frente, dizer que esse produto já representa uma parcela significativa das nossas vendas de offset no país."
Acerca da maior participação das vendas regionais, Cardoso explicou que a redução das importações de papel, ao longo deste ano, permitiu o avanço no mercado brasileiro. De janeiro a julho, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), o volume de papel importado recuou 7,6%, na comparação anual, para 820 mil toneladas.
Na avaliação do executivo, câmbio e maior fiscalização das operações com papel imune - produto que, quando utilizado para fins educacionais ou culturais, está isento de impostos - influenciaram esse movimento.
Até o fim do ano, comentou Cardoso, a IP terá produzido mais de 1 milhão de toneladas de papéis de imprimir e escrever nas unidades de Mogi Guaçu (SP), Luiz Antônio e Três Lagoas (MS). Toda a produção deverá ser comercializada, repetindo o desempenho verificado no ano passado. "Assim como outras do setor, estamos operando com plena capacidade no Brasil.
De acordo com o executivo, a IP continua avaliando uma nova máquina de papel na unidade de Mato Grosso do Sul, porém não há aprovação do investimento por parte do conselho da multinacional.
Veículo: Valor Econômico