A produção de trigo em Minas Gerais ficou 33,3% maior na safra 2011/12. A alta lucratividade e a demanda aquecida pelo produto foram os principais fatores que incentivaram o aumento do plantio. A tonelada do cereal é negociada entre R$ 650 e R$ 700, enquanto os custos giram em torno de R$ 500 por tonelada. A expectativa é de que nos próximos cinco anos a área destinada à cultura alcance 200 mil hectares.
De acordo com o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Comtrigo), Lindomar Antônio Lopes, a produção de trigo em Minas Gerais tem condições de crescer expressivamente ao longo dos próximos anos. Na safra atual, a área destinada ao plantio foi de 30 mil hectares e a meta é alcançar 200 mil nos próximos cinco anos.
Além do clima e solo favoráveis para a cultura, o mercado brasileiro é um grande demandador do trigo. Anualmente o país importa cerca de 50% do volume que consome, cerca de 12 milhões de toneladas, isso pela produção interna ser insuficiente para abastecer as indústrias. Além disso, o trigo produzido no Estado possui qualidade superior ao gerado nos demais estados produtores, o que garante maior demanda e preços mais valorizados.
"Estamos estruturando toda a cadeia para que o cultivo do trigo seja ampliado ao longo dos próximos anos, mas de forma que a qualidade continue diferenciando a produção mineira. As expectativas são positivas por termos mercado demandador, áreas de produção favoráveis e empresas desenvolvendo pesquisas de melhoramento genético e especializada na assistência técnica ao produtor", disse.
Colheita - Outra vantagem para a remuneração dos triticultores é que no Estado a cultura é colhida durante a entressafra das demais regiões do país, o que garante ao produtor preços mais altos e maior rentabilidade.
A safra 2011/12 do cereal já está praticamente colhida. A todo serão geradas no Estado 120 mil toneladas de trigo, frente as 90 mil toneladas registradas na safra anterior, alta de 33,3%. De acordo com Lopes, a área de sequeiro, geralmente localizadas na região do Triângulo, Noroeste e Alto Paranaíba, este ano foi reduzida devido à competição com o feijão, que acumula alta nos preços desde o início do ano.
Em compensação, no Sul de Minas as áreas de sequeiro dobraram. A região destinou ao cultivo do trigo em 2011 cerca de 6 mil hectares e na safra atual expandiu para 12 mil hectares. A produção tem grande potencial nos municípios de Madre de Deus de Minas, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Três Corações e São João del-Rei.
Atualmente, a principal região produtora do Estado é o Alto Paranaíba, que responde por 57,2% da safra, seguida pelo Noroeste (18,93%) e Triângulo (9,7%). Outro potencial identificado no Estado é a possibilidade de plantar o trigo de sequeiro, na safrinha, e o irrigado ao longo da seca, o que garantiria a oferta do produto por pelo menos seis meses.
Segundo Lopes, a tendência é de que o trigo seja cada vez mais adotado como cultura de inverno, isto pelo cereal contribuir para a preparação do solo antes do plantio da safra de verão. "O produtor que investe no trigo consegue reaproveitar parte dos insumos destinados ao cereal na safra seguinte, gerando economia. Por isso, já percebemos, o interesse é crescente".
Veículo: Diário do Comércio - MG