Flora muda a marca Minuano e planeja faturar R$ 1,2 bilhão

Leia em 3min 30s

Com vendas anuais de R$ 600 milhões, a marca Minuano responde por 50% do faturamento da Flora, fabricante de produtos de limpeza e higiene da holding J&F, controladora do frigorífico JBS. Por essa fatia significativa, é possível ter uma ideia da tensão que tomou conta da equipe de marketing quando pesquisas apontaram, em janeiro, uma rejeição das consumidoras à nova proposta visual da marca, que chegaria às gôndolas dos supermercados em maio. "Imagine o meu desespero", diz Karla Schlieper, vice-presidente de marketing da área de cuidados com a casa da Flora. "Pegamos o trabalho e jogamos fora."

Era necessário recomeçar do zero, pois o público dizia preferir o duende verde, da antiga embalagem, às novas imagens. O projeto incluía a criação de um novo logotipo - o boneco verde era o ícone principal dos rótulos dos produtos até então -, e o redesenho das embalagens de quase 60 itens. "Minuano está no mercado há muito tempo. Queríamos trazer modernidade para a linha e unir dois segmentos distintos - de limpeza de roupa e limpeza de casa - em uma única marca", conta Karla.

A executiva recorreu ao designer paulista Mario Narita, que desenvolveu o que chama de "processo límbico" - uma metodologia que busca uma identidade visual que conecte o consumidor emocionalmente à marca de seus clientes (acessando o sistema límbico do cérebro, conjunto de estruturas responsáveis pelas emoções). A novidade não é a meta em si - ganhar o coração de potenciais compradores sempre foi uma aspiração da publicidade -, mas a forma como o trabalho é realizado. Grupos de consumidores são ouvidos aprovando ou rejeitando imagens e ícones desde o início do processo, de acordo com a sensação transmitida.

No caso da Flora, participaram 25 mulheres, de 25 a 45 anos, das classes B e C, donas de casa, que já compravam ou não os produtos Minuano. No início, elas apontaram pontos negativos e positivos das embalagens existentes. Depois, foram expostas a imagens relacionadas aos atributos que os produtos pretendem transmitir (como limpeza e frescor) e apontaram suas preferidas.

Os resultados alimentaram a equipe de planejamento e criação da agência Narita Design, que fez 16 logomarcas, submetidas novamente às entrevistadas. No modelo tradicional, em geral três opções são avaliadas por consumidores no fim do processo - a pré-seleção é feita por executivos das empresas contratantes. "Inverteu-se a ordem e dividimos [a criação] com o consumidor desde o momento zero", diz Karla.

Em dois meses, o trabalho estava pronto e a nova logomarca - um círculo com estrelas, que dão a ideia de brilho, envolve o nome Minuano -, estreou no varejo. Segundo Karla, a partir do relançamento da linha, em maio, até julho, as vendas da marca acumularam crescimento de 20% sobre igual período do ano passado. Com o novo visual, intensificação da propaganda e aumento do portfólio, que deve passar dos atuais 60 para 80 produtos, a meta é dobrar a receita da marca em, no máximo, três anos - o que significará atingir cerca de R$ 1,2 bilhão.

A ampliação do mix já contemplou a estreia em categorias como sabão líquido para roupas, detergente de louça superconcetrado e limpador antimofo. E, segundo a executiva, outras estão por vir até o início do ano que vem. A estratégia inclui também anúncios em revista, rádio e TV - a marca estava fora da mídia desde 2006 - e ações nos pontos de venda.

Minuano é o carro-chefe, mas não o único foco. A Flora, que faturou cerca de R$ 1,2 bilhão em 2011, vem investindo em aquisições para ampliar seu portfólio. Em outubro do ano passado, comprou a marca Assim, de sabão em pó, e outros ativos de higiene e limpeza da Hypermarcas, por R$ 140 milhões. Meses antes, em maio, havia desembolsado R$ 350 milhões para adquirir as marcas de higiene da Bertin, incluindo Neutrox, OX, Francis, Hydratta, Phytoderm, Kolene e Karina - um conjunto de mais de 600 itens. A empresa já atuava no segmento de cuidados pessoais com o sabonete Albany.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Mercadinhos têm crédito para reforma e equipamentos

Medida beneficiará pequenos negócios do projeto Varejo Competitivo, do Sebrae e Abad com o apoio do Banco ...

Veja mais
Mercado de lava-louças deve dobrar no País, diz Whirlpool

Dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, a Whirlpool dobrou sua produção de lava-louças no Br...

Veja mais
País perde US$ 5 bi por falha na logística

O Brasil perde US$ 5 bilhões por ano devido à baixa eficiência logística, principalmente no t...

Veja mais
Kellogg tem nova estratégia para crescer na China

A Kellogg espera transformar, finalmente, os cereais em um item importante do café da manhã na China. A fa...

Veja mais
Para atrair mulher, a cor rosa não basta

Até agora, o que diferenciava um aparelho de barbear e um produto para mulheres no mercado brasileiro era meramen...

Veja mais
Merchandising entra em cena no cinema

Apesar do interesse renovado do público pelo cinema nacional, os produtores brasileiros continuam contando com um...

Veja mais
Concorrência aquece mercado de cosméticos

Em um mercado competitivo, e com um número expressivo de empresas que atuam no segmento, a área de cosm&ea...

Veja mais
Consumidor volta a mirar em bens duráveis, segundo FGV

O consumidor voltou a demonstrar intenção de adquirir bens duráveis, segundo o Índice de Con...

Veja mais
Safra reduzida pressiona preços

No Sul de Minas, maior produtor de batata do Estado, houve queda de 10% no plantio da safra de invernoA queda na produ&c...

Veja mais