A indústria química brasileira cresceu 19% em 2008, atingindo um faturamento líquido de US$ 123,2 bilhões, ante os US$ 103,5 bilhões registrados no último ano. Com esse volume, o setor chegou ao terceiro lugar na formação do PIB da indústria de transformação, com participação de 10,8%, e respondeu por 3,2% do PIB nacional. O valor coloca o Brasil em nono lugar no ranking da indústria química mundial. Ao mesmo tempo as importações deram um salto de 48,1%, alcançando US$ 35,4 bilhões, ante exportações de US$ 12,2 bilhões, 14% acima do ano passado. O déficit será recorde, devendo superar a casa dos US$ 23 bilhões.
Os produtos químicos para uso industrial responderam por cerca de 50% do faturamento líquido total da indústria química nacional. Sozinho, o segmento faturou US$ 61,6 bilhões, com crescimento de 11,8% em comparação a 2007. A produção em químicos de uso industrial registrou queda de 8,1% em volume em função das paradas feitas em três das quatros centrais petroquímicas do País este ano somada ao recuo de 23% na atividade registrado no último trimestre do ano, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O déficit também se refletiu na balança no segmento em 2008, atingindo a marca recorde de US$ 19,8 bilhões.
O destaque da indústria ficou por conta do setor de fertilizantes e adubos, cuja receita cresceu 65,6%, para US$ 14,9 bilhões, dobrando sua participação no segmento. Tais produtos também puxaram as importações respondendo por 40% das compras. Resinas termoplásticas também elevaram o volume de importações de 4% para 21%.
O levantamento feito pela Abiquim revela ainda que as empresas do segmento têm planos de investir até US$ 22,1 bilhões até 2013, sendo que 54,3% desse valor referem-se a projetos já aprovados. "Esse valor, porém, pode ser revisto, diante da crise pela qual passamos", afirmou Marcos De Marchi, coordenador da comissão de economia da Abiquim e presidente da Rhodia.
Segundo o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, até setembro a demanda estava muito alta, mas no último trimestre houve uma inversão total com enxugamento do crédito no mercado financeiro em função da crise. "2009 será um ano bem mais difícil para o setor", disse.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de produtos para Defesa Agrícola (Sindag), Laércio Valentin Giampani, 2008 foi um ano bom, com crescimento de 26% no faturamento, para US$ 6,8 bilhões, mas 5% das vendas foram ocupados por produtos piratas, o que tem levado o setor a se organizar e pedir maior fiscalização. "Além disso, a crise já provoca uma onda de inadimplência e devemos buscar formas para reduzir os impactos disso", afirma.
Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos registraram alta de 17% no faturamento, saltando de US$ 8,8 bilhões para US$ 10,3 bilhões. Produtos farmacêuticos registraram crescimento de 20%, chegando a US$ 17,5 bilhões.
Veículo: Gazeta Mercantil