A Unilever pretende ampliar participação no atendimento aos restaurantes brasileiros nos próximos anos. De acordo com estimativas de Rodrigo Vassimon, vice-presidente da Unilever Food Solutions, divisão da multinacional responsável pela venda de alimentos para estabelecimentos comerciais, existem 350 mil restaurantes no Brasil. Hoje, a empresa estaria presente em 10% do total e a meta é alcançar 20% nos próximos dois anos. Uma das armas para cumprir o objetivo será ampliar o portfólio de produtos que economizem tempo de preparo, como o purê de batatas em pó lançado este ano.
A estratégia da empresa está diretamente ligada ao bom desempenho do setor. Enquanto o faturamento da indústria alimentícia deve crescer cerca de 2% este ano, segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia), as vendas para restaurantes, bares e hotéis deve ter alta de 14% em 2008, chegando a R$ 57 bilhões, segundo dados da ECD Consultoria, especializada em alimentação fora do lar.
Segundo Vassimon, a unidade de food service da Unilever também tem crescido em índices de dois dígitos nos últimos anos. Para 2008, a expectativa é crescer até 20%. A divisão é responsável por 10% das vendas de alimentos da multinacional no Brasil, número considerado baixo dentro da companhia. Segundo o executivo, em alguns países como a Suíça, por exemplo, esse índice chega a 50% das vendas.
Para conquistar mais espaço no mercado, a fabricante prepara dois lançamentos em segmentos nos quais ainda não atua. "Queremos conquistar mercado com produtos que as empresas só podem fazer de forma artesanal."
Vassimon contou também que os lançamentos desse tipo de produto ganham destaque na divisão a cada ano. Representaram pouco menos de 30% das vendas totais de 2007, devem chegar a 30% este ano e a expectativa é que alcancem 35% das vendas em 2009. "Esperamos uma contribuição cada vez maior desses produtos", afirmou.
Apesar de ter aprovado os investimentos previstos para 2009, a Unilever deve fazer uma avaliação da conjuntura e uma nova análise de todos os aportes no início do próximo ano, segundo Vassimon.
Incertezas
"Nós ainda estamos em fase de avaliação da crise. Hoje existe um grau de incerteza muito grande", afirmou o executivo.
Para Enzo Donna, analista da ECD Consultoria, esse mercado tem tradicionalmente crescido três vezes mais que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. Segundo Donna, uma desaceleração é esperada no próximo ano. "Se o País crescer entre 2,5% e 3%, o crescimento do food service deve ficar entre 7% e 9%", afirmou.
Esse cenário, cercado de incertezas, deve fazer com que a Unilever avalie com mais prudência os projetos e investimentos previstos para 2009. "Alguns investimentos já começaram a sair do papel, mas vamos monitorar o desempenho do mercado no começo do ano. vamos analisar com cautela", disse Vassimon.
Este ano, a multinacional reajustou preços dos produtos que já faziam parte do portfólio de acordo com a inflação. No entanto, a empresa aproveitou para repassar a alta dos custos nos lançamentos. Para 2009, a alta do dólar deve ser compensada pela queda dos preços das commodities, acredita Vassimon. Os preços devem ser reajustados de acordo com a inflação no próximo ano, que pode ser impactada pela alta do dólar, explicou o executivo da Unilever.
Além disso, a desvalorização do real pode ajudar a divisão de food service da Unilever a exportar mais para os países da América do Sul. Atualmente os embarques representam cerca de 3% das vendas. Entre os compradores estão a Argentina, Chile e os países do Norte da América do Sul.
As duas principais áreas da divisão de food service da Unilever são "dressing", o que inclui molho para saladas, mostardas, ketchups, etc - responsáveis por 30% das vendas -, e "flavouring", que inclui caldos e temperos, responsáveis por 40% das vendas.
Veículo: Gazeta Mercantil