Para 88,7% dos lojistas, vendas vão superar as de 2011, maior percentual desde 2007.
Fatores como os altos níveis de endividamento e inadimplência do consumidor, além das incertezas que cercam a conjuntura econômica, não são suficientes para desanimar o varejo da capital mineira. Pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) aponta que 88,7% dos empresários acreditam que, neste ano, as vendas de Natal vão superar as do ano passado. O percentual é o mais elevado desde 2007, quando 92,5% apostavam em negócios melhores sobre o exercício anterior, na época do ano considerada mais lucrativa para a atividade.
Conforme o coordenador de Pesquisa da Fecomércio Minas, Eduardo Dias, há certas semelhanças entre o atual cenário e aquele observado há cinco anos. De acordo com o especialista, o varejo, hoje, é altamente beneficiado por fatores como cortes nas taxas de juros, baixas taxas de desocupação e aumento da massa salarial. "Além disso, naquela época, os efeitos da crise, que se instalava nos Estados Unidos, ainda não tinham chegado ao país. Por isso, o comércio apresentava bons índices de crescimento", justifica.
Embora o otimismo seja evidente, a maior parte dos estabelecimentos não traça projeções muito ambiciosas. A parcela mais representativa, 43,5%, estima que a alta deve flutuar entre 10% e 20%. Em seguida, 31,9% projetam expansão de 20% a 50%. Apenas 12,9% acreditam que a variação positiva vá atingir, no máximo, os 10%.
Apesar de o Natal de 2012 estar rodeado de expectativas, a pesquisa aponta que o otimismo não chegou à indústria. Isso porque, mais da metade, 58,5%, dos empresários ainda não recorreram aos fabricantes para reforçar os estoques visando a suprir um provável aumento da demanda. Outros 22,1% já realizaram e receberam parte das mercadorias estando, dessa maneira, parcialmente preparados para atender a um possível incremento no fluxo de clientes já a partir deste mês. Os 19,4% restantes estão com os estoques inteiramente reforçados.
Encomendas - Dias justifica que o fato de um número superior a 50% ainda não ter feito encomendas junto aos fornecedores indica certo receio, fator que ainda não preocupa, uma vez que faltam quase três meses para a celebração da data. Porém, ele emenda que, para não correr o risco de sofrer com a falta de mercadorias nos estoques e prateleiras, os estabelecimentos devem evitar deixar os pedidos para novembro, período no qual as fábricas costumam estar bastante sobrecarregadas.
"Ao que tudo indica, o comércio espera passar o Dia das Crianças, que serve como um termômetro de vendas, para evitar ao máximo o acúmulo de prejuízos", argumenta.
Portanto, uma possível melhora de certos segmentos da indústria, que patinaram ao longo de todo o ano e esperam uma retomada, mesmo que tímida, no último trimestre, está diretamente relacionada ao desempenho do varejo. Dos entrevistados, 45,7% já afirmaram que não vão antecipar as encomendas e que um número maior de pedidos à indústria está atrelado ao crescimento das vendas. Já 40,4% pretendem antecipar os pedidos, para tentar negociar preços mais baratos e evitar que os pedidos cheguem com atraso.
A maior parte das encomendas deve ser feita à indústria nacional, pois apenas 0,9% respondeu que pretende abastecer a loja com produtos importados, o que deve ser atribuído, conforme Dias, à valorização do dólar frente ao real.
Variedade - Os lojistas afirmam que um maior mix de produtos, 36,9%, e uma maior variedade dos itens ofertados, 21,1%, podem ser os responsáveis por impulsionar a expansão dos negócios em 2012. Na outra ponta, 55,2% afirmam que o alto nível de endividamento das famílias será o grande vilão deste Natal. Em seguida, 10% acreditam que a concorrência este ano esteja mais acirrada, o que pode impedir que as vendas cresçam na proporção almejada.
Os empresários já começam a traçar algumas estratégias para tirar o maior proveito possível da comemoração. A mais utilizada, por 29,1%, deve ser uma vitrine e decoração mais atrativas. Outros 25,7% vão abrir postos de trabalho temporário e 16,8% devem reforçar ao máximo os estoques.
Ao contrário de outros períodos, quando as promoções são bastante utilizadas para fisgar o consumidor, cartazes anunciando descontos não devem ser muito comuns na porta dos estabelecimentos nessa época. Entre os entrevistados, 64,5% afirmaram que não vão adotar preços diferenciados para sair na frente dos demais estabelecimentos.
Veículo: Diário do Comércio - MG