O preço do leite recebido pelos produtores teve nova alta em setembro, de 1,6% frente ao de agosto, conforme indicam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A média ponderada dos estados considerados pelo Cepea (RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA) foi de R$ 0,7996/litro (valor líquido) - o preço bruto, que considera frete e impostos, foi de R$ 0,8692/litro.
O aumento dos preços esteve atrelado à menor captação de leite nas Regiões do Sudeste e do Centro-Oeste, tendo em vista o período de entressafra, e a desaceleração da produção também no Sul do País, por conta da finalização da temporada de inverno. Em algumas regiões, foi notada, inclusive, maior disputa pela matéria-prima entre os laticínios, cenário que impulsionou as cotações.
Em agosto, o Índice de Captação de Leite calculado pelo Cepea (ICAP-Leite) registrou avanço de 1,1% frente a julho. No Sul do País, o aumento foi de quase 7% no volume médio diário captado. Já em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, houve queda em torno de 3%.
Em setembro, a produção de leite continuou restrita no mercado brasileiro, devido ao clima seco em todo o País. Mesmo a chuva verificada em algumas regiões no final do mês não foi suficiente para favorecer o desenvolvimento das pastagens, segundo indicam agentes do setor. Normalmente, as pastagens se desenvolvem aproximadamente um mês após o início das chuvas e elevação das temperaturas. Assim, colaboradores do Cepea acreditam que, para outubro (normalmente início da safra no sudeste e centro-oeste), ainda não haja aumento significativo da produção de leite.
Além do clima, os elevados custos com alimentação concentrada também limitam o avanço da produção neste período do ano. Pesquisas realizadas pelo Cepea em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que, em agosto, o Custo Operacional Efetivo (COE) - que considera as despesas correntes mensais, como alimentação, salário, medicamentos, sal mineral, entre outros - ficou quase 20% acima do registrado em 2011. Já o preço médio do leite caiu 7% em termos reais entre setembro/11 e setembro/12. Esse cenário mostra a dificuldade em se investir na atividade leiteira.
Para o pagamento de outubro (referente à produção entregue em setembro), 64% dos agentes compradores de leite consultados pelo Cepea (que representam 74% do volume amostrado) esperam estabilidade nos preços; já para 30% dos entrevistados (que representaram 17% do volume de leite), deve haver alta de preços, e apenas 6% dos agentes (responsáveis por 9% do volume da amostra) esperam queda.
Veículo: DCI