Vestuário e calçados, turismo, informática, móveis e eletroeletrônicos serão os segmentos que terão maior procura por parte do consumidor neste final de ano. De acordo com pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), esses artigos são os que aparecem com maior índice de intenção de compra e poderão ajudar o setor a atingir crescimento de pelo menos 8%.
Cabe ressaltar que a área de viagens e turismo acaba de entrar para estudo da entidade, devido ao crescimento da procura por parte do consumidor. Além de, claro, haver número maior de empresas no ramo: TAM Viagens, CVC, Gol Viagens, algumas até com quiosques em estações de metrô, atentas à demanda, e de o segmento ter, no ano passado, sido recordista em número de novas operações pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Mesmo com o cenário positivo, a intenção de consumo cresceu apenas dois pontos percentuais, de 53,8% para 56%, na comparação com o terceiro trimestre do ano anterior. Quando a comparação é anual, porém, a intenção de compra teve queda acentuada: 22 pontos percentuais. No ano passado estava na casa dos 78%, nesse período. O indicador do Provar/FIA aponta a volatilidade a que o varejo está sujeito é é ressaltada pelo Indicador do Serasa Experian de Atividade do Comércio. A entidade apurou que vendas do comércio varejista caíram 1,8% em setembro frente ao mês de agosto. Mas, quando a base de comparação é anual - setembro de 2011 e de 2012 -, o setor apresentou incremento surpreendente, de 10,8% nas vendas do setor.
No caso das vendas, o índice é reflexo das medidas promovidas pelo governo federal de desoneração fiscal com a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), além da questão de concessão de crédito direto ao consumidor. "Todos os incentivos promovidos pelo governo fizeram com que os consumidores comprassem os produtos de maior valor agregado [linha branca e automóveis] anteriormente", disse Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar.
O especialista explicou, também, que os incentivos tiveram o efeito de regular o setor varejista, uma vez que, ao se fazer uma comparação anual - 12 meses entre 2011 e 2012 -, o varejo apresentou 7% de crescimento de vendas totais, enquanto anteriormente o apurado foi 5%. Este é mais um indicativo de como o segmento vive oscilações e está diretamente ligado a ações econômicas. "Queda dos juros, desoneração fiscal e crédito ao consumidor foram responsáveis por apenas 2 pontos percentuais de incremento do setor", enfatizou.
Outro ponto de extrema importância é que a pesquisa compara anos como 2009, 2010 e 2011, períodos em que o setor apresentou o boom de crescimento. "Sem esquecer que no segundo trimestre de 2011 foi visto o pico máximo de crescimento de vendas no País", ressaltou o especialista no setor.
Futuro
Para Felisoni, continuar baseando o crescimento do Produto Interno Bruto apenas no consumo interno é um método que deve ser revisto pelo governo: "O crescimento via consumo encontrou a sua barreira. Pode-se dizer que chegou ao esgotamento".
A inadimplência também tem aparecido como um dos vilões de um maior crescimento do setor.
Na pesquisa foi constatado que a renda familiar do brasileiro está 18,9% comprometida com despesas anteriores, restando apenas 9,4% para outras despesas e compras de final de ano. Claudio Felisoni ressaltou também que, a os atrasos acima de 90 dias continuam crescentes. "Os dados do Banco Central apontaram crescimento dos atrasos. Isso mostra que saldar dívidas está puxado para o consumidor".
Outro ponto que também pode vir afetar o setor em médio prazo é a redução do prazo de pagamento. Segundo Felisoni, "o consumidor é muito mais sensível ao prazo menor do que aos juros altos", explicou.
Todos os dados apurados comprovam o que Felisoni já havia mencionado anteriormente: este ano o Natal pode vir a ser mais fraco em vendas.
Intenção de compra
Ressaltando o possível esgotamento do consumo no País, a pesquisa realizada pelas entidades apontou que, a intenção de compra do brasileiro chegou ao mesmo patamar visto em 2007 quando chegou a 61,2%. Além dos itens já mencionados acima, o consumidor disse estar propenso a gastar também com artigos de linha branca, com 8,4% das intenções, seguido de material de construção, com 7,6%; telefonia e celulares 6,2%; imóveis 5,6% - indicador esse visto pela primeira vez na pesquisa -; cine e foto e automóveis e motos, com 4,4%; eletroportáteis, com 3,2%, e cama, mesa e banho com 2,6%.
A lista de produtos é diferente quando falamos dos adeptos de compras pela Internet.
Com o auxílio da Câmara e-net, a pesquisa apontou que 29, 1% dos "e-consumidores" pretendem adquirir eletroeletrônicos e informática; 26,7%, celulares; 21,4%, produtos para a casa; cosméticos e afins, 18,6%; linha branca, 18%; e viagem e turismo apresentou apenas 15,8% das intenções do consumidor.
A explicação dessa diferença entre os produtos do varejo físico e do eletrônico deve-se à diferença de renda entre cada nicho de público consumidor.
Veículo: DCI