Em um ano de produção mundial recorde de arroz, os preços internos estão acelerados e já atingem a inflação. Tradicionalmente um produto de mercado interno, o cenário mudou para o arroz.
A qualidade do produto melhorou, a demanda externa é boa, principalmente de países da África, e as empresas nacionais aproveitaram essa situação para conquistar novos mercados.
O resultado é que o produto brasileiro não depende mais apenas do mercado interno, que sempre ditou os preços pagos aos produtores.
No ano passado, o país exportou 2 milhões de toneladas do cereal. Neste ano, deve exportar 1,3 milhão.
Esse cenário ocorre exatamente em um período de baixa produção nacional. A safra brasileira, após ter atingido 13,6 milhões de toneladas em 2010/11, recuou para 11,6 milhões neste ano. Os gaúchos, os líderes nacionais em produção, tiveram redução de 13%, com a safra caindo para 7,7 milhões de toneladas, segundo a Conab.
Redução interna da produção, exportação maior e entrada menor de produto dos vizinhos do Mercosul -que também encontraram novos mercados para o produto- fazem com que os preços atuais superem em 61% os de igual período de 2011.
Em várias regiões do Rio Grande do Sul, a saca de arroz em casca já supera R$ 40, contra uma média de R$ 24 que o produtor recebia no início de outubro de 2011, conforme pesquisa da Folha.
Diante desses números, o consumidor não deverá ter alívio nos preços do arroz nos supermercados. Nos últimos 12 meses até setembro, a Fipe registrou alta de 21,5% no cereal em São Paulo, contra 4,7% de evolução da inflação.
Mas a alta de preço deste ano ocorre após forte queda em 2011. No acumulado dos últimos quatro anos, a inflação ganha do arroz, com alta de 23%. A do arroz ficou em 21% no varejo de São Paulo.
A produção mundial deve atingir o recorde de 467 milhões de toneladas, e o comércio internacional sobe para 35,3 milhões de toneladas.
Veículo: Folha de S.Paulo