Com expansão de até 2,7% - para 52,2 milhões de hectares -, a safra de grãos de 2012/2013 tende a firmar o País como o maior produtor de soja do mundo. Ao mesmo tempo, a produção de milho, com redução de 6,8% no verão - para 7,04 milhões de hectares -, será deslocada para a "safrinha".
"O preço da soja continua muito bom, e a cultura deve se expandir o quanto der. Depois, o produtor recupera o milho na segunda safra", disse ao DCI o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alisson Paolinelli, ao comentar as projeções divulgadas ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o levantamento, definido pela intenção de plantio da base produtiva, o volume também baterá recorde: até 182,2 milhões de toneladas, correspondentes a uma variação de 10% em relação à safra passada, que rendeu 165,7 milhões de toneladas de grãos.
"O produtor deverá optar por uma pequena diminuição da primeira safra de milho, principalmente em estados que têm a possibilidade de plantar duas safras do cereal, como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná", endossaram, em nota, técnicos da Conab.
A pesquisa de campo foi feita por cerca de cinquenta especialistas que percorreram as principais regiões produtoras do Brasil, entre os dias 17 e 28 de setembro.
Safra dará trabalho à Embrapa
Para o chefe-geral da unidade de Soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alexandre José Cattelan, a estimativa divulgada pela Conab não causou nenhuma surpresa. "Isso já era esperado em função do preço da soja", ele disse.
Na Bolsa de Chicago, considerando o mês de março de 2013, próximo da colheita brasileira, a soja está cotada a US$ 15,50 por bushel e o milho, a US$ 7,40.
A inédita expansão de área, provocada por uma elevação de preços jamais vista, implicará em maior demanda pela atuação da Embrapa, segundo Cattelan. Isto é, "mais dias de campo, consultas técnicas e palestras". "Muitas vezes, o aumento de área ocorre em terrenos não propícios ao plantio da soja. Esta é uma tendência para parte da produção", disse.
O crescimento das lavouras de soja terá lastro em novas variedades de velhos tipos de sementes, de acordo com o chefe-geral da Embrapa Soja. "Teremos novas cultivares da soja convencional e da RR1 [transgênica da Monsanto], com aumento de potencial produtivo e resistência a doenças", observou Cattelan.
As variedades Intacta RR2 Pro, da Monsanto, e Cultivance, de uma parceria entre a Embrapa e a fabricante Basf, enfrentam resistência dos mercados consumidores, que não cedem aprovação ao uso desses transgênicos. A Europa autorizou o uso da RR2, mas a China barra o consumo de ambas as sementes.
Produção no ano
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que a produção nacional de grãos será de 163,7 milhões de toneladas em 2012. Ou 2,2% superior à obtida em 2011 (160,1 milhões de toneladas), e 0,5% menor do que a estimativa feita em agosto pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
De acordo com o levantamento de setembro, a área a ser colhida em 2012 será de 49,2 milhões de hectares, com acréscimo de 1,1% sobre a do ano passado. As três principais culturas (o arroz, o milho e a soja), que somadas representam 91,1% do volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, respondem por 85% da área a ser colhida.
"Puxaram para baixo [o resultado na margem] a soja, o milho 1ª safra, o sorgo e o caroço de algodão. A laranja está caindo, mas não entra nessa conta", calcula o gerente de Coordenação de Agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi.
A revisão para baixo da estimativa para a safra de 2012 na passagem de agosto para setembro se deveu a uma expectativa de colheita menor de soja, milho 1ª safra, sorgo e algodão em caroço.
O LSPA de setembro registrou recuo de 0,5% na produção de grãos em relação à previsão de agosto.
Na passagem de agosto para setembro, a produção de soja em grão recuou 0,9%, a de milho em grão (primeira safra), 2,2%, a de sorgo em grão, 2,6%, a de algodão herbáceo, 5,8% e a de laranja, 4,4%. Na direção oposta, foram revisadas para cima as safras de trigo em grão (7,8%), café robusta em grão (2,3%) e milho em grão (segunda safra, 0,8%).
A produção total de milho deve crescer 28,5% neste ano, de acordo com o LSPA, enquanto a de arroz deve recuar 15% e a de soja, 12,8%, todos na comparação com os resultados do ano passado, segundo o levantamento sistemático do IBGE.
Veículo: DCI