BRF compra empresa de distribuição em Abu Dhabi e planeja fábrica na China para criar musculatura internacional.
O presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, não está desperdiçando o período de restrição para sua expansão no mercado interno imposto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Proibida de fazer aquisições ou lançar novas marcas nos próximos quatro anos pelo órgão de defesa da concorrência, a BRF acelerou os investimentos internacionais. Na quinta-feira 4, anunciou a compra do controle da maior distribuidora de alimentos do Oriente Médio, a Federal Foods, de Abu Dhabi, por US$ 36 milhões. Com 1,3 mil funcionários e 260 caminhões, completa a nova estrutura da multinacional brasileira na região. Em outubro do ano que vem, entra em produção uma nova fábrica nos Emirados Árabes, com capacidade de 80 mil toneladas anuais, que está consumindo investimentos de US$ 120 milhões.
“Com a produção e distribuição locais, poderemos suprir a região sem restrições aplicadas a empresas estrangeiras”, disse à DINHEIRO o vice-presidente de assuntos corporativos da BRF, Wilson Mello. A companhia deve entrar em alguns novos mercados e aumentar o portfólio de produtos na região que hoje gera o maior faturamento para a BRF no Exterior, cerca de US$ 2,5 bilhões anuais. O próximo alvo é o gigantesco mercado asiático, especialmente o chinês. A BRF já tem uma joint venture que distribui produtos da Sadia na China, e está avaliando a instalação de uma fábrica no país, com investimento também superior a US$ 100 milhões. Esse deve ser um projeto para 2014, quando a China já estiver aberta a importações diretas de carne suína brasileira há algum tempo.
A China, que consome metade da carne suína produzida no planeta, permitiu a importação no ano passado. Também é grande a expectativa com a abertura do Japão aos suínos brasileiros, que pode ocorrer até o fim do ano. Na América Latina, a prioridade é modernizar as fábricas da Quickfood, empresa argentina recebida do grupo Marfrig em troca de unidades brasileiras vendidas por ordem do Cade para autorizar a fusão entre a Perdigão e a Sadia, que originou a BRF. A marca Paty, símbolo de hambúrguer na Argentina, deverá ter também linguiças e salsichas. Quando a restrição no Brasil acabar, a BRF será bem maior fora do País do que é hoje.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro