Maior empresa de artigos esportivos do mundo, a Nike desenhou um projeto de expansão no Brasil, chamado internamente de "Vinte Vinte" ou "2020" que envolve medidas de crescimento mais agressivas para a marca nos próximos anos. Esse plano contempla um conjunto de ações que determinará o tamanho da empresa no país em oito anos. As medidas têm como foco transformar a companhia num negócio de US$ 2 bilhões de receita entre 2016 (ano da Olimpíada no Rio) e 2020, apurou o Valor. É mais que dobrar a operação.
Em entrevista na sede da companhia, o novo presente da Nike no Brasil, Cristian Corsi, no cargo desde junho, dá detalhes sobre as ações já definidas pela operação local dentro desse plano. "São ações que não existem por causa de Copa do Mundo e Olimpíada, mas, obviamente, que ganham importância por causa das datas. Não trabalhamos pensando só nos eventos", afirma ele.
A companhia prevê a abertura de duas a três lojas "Brand Experience" (ou lojas de experiência) em São Paulo e outras duas ou três no Rio até a Copa do Mundo no Brasil em 2014. Esses pontos de venda, de cerca de 1,5 mil m2, são considerados referência em varejo para a Nike. Neles, é possível pegar e experimentar o produto. Apenas 15 países têm algum ponto com esse formato no mundo. No Brasil, a primeira loja desse tipo foi aberta em Ipanema, no Rio, no dia 12. Lá, no dia da inauguração, a taxa de conversão de visitas em vendas foi três vezes superior à meta.
A Nike contabiliza 30 lojas no país hoje, incluindo nessa conta os pontos próprios e com parceiros. O Brasil é a quarta maior subsidiária da Nike no mundo em vendas, atrás de Estados Unidos, China e Reino Unido. No ano fiscal de 2012, a operação no Brasil cresceu "perto de 30%", disse Charlie Denson presidente da área Nike Brand, acima da expansão do grupo de países de mercados emergentes, que apurou alta de 23%. Segundo a consultoria GSN Sports, o Brasil representa 20% das vendas em América Latina, equivalente, em 2011, a uma soma de US$ 800 milhões. A companhia não divulga essa informação.
Para essas novas aberturas, a Nike está em busca de terrenos hoje. "Estamos olhando três regiões em São Paulo. São locais confidenciais", disse Corsi. Uma das regiões possíveis ainda é a avenida Paulista, que está no radar da empresa desde o ano passado, apurou o Valor. "É um lugar que mudou muito nos últimos anos", desconversa. O executivo foi presidente da operação no país de 2007 a 2010 e antes disso, esteve na gerência-geral da Nike no México e também na gerência operacional da rede mundial de supermercados Walmart entre 1997 e 1999.
Paralelamente ao varejo tradicional, a companhia se estrutura para começar a vender pelo site da empresa em maio de 2013. Já foi concluído o desenho do projeto, prevendo aumento de produção das empresas terceirizadas da Nike para dar conta de uma ampliação da demanda. Em termos logísticos, a companhia estuda a hipótese de abrir um novo centro de distribuição (CD) no país nos próximos anos. Ela já opera um CD em parceria com a DHL, em São Paulo. "A ideia de operar em outras áreas do Brasil, como o Nordeste, de forma mais forte nos levará a abrir mais CDs pelo país", disse o executivo.
A empresa não tem fábricas próprias e só opera com parceiros na produção, em grande parte em países na Ásia. Cerca de 50% dos tênis vendidos da marca no Brasil são produzidos localmente.
Também em maio, a Nike muda de sede em São Paulo, ao sair de Alphaville e transferir as operações para um edifício na região da Lapa, zona oeste de São Paulo, que já terá áreas ociosas para acomodar a expansão da empresa nos próximos anos.
Veículo: Valor Econômico